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    Integrante do conselho editorial da Folha, Thiago Amparo diz que jornal foi racista ao publicar texto de Leandro Narloch

    "Folha, por que ainda precisamos nos masturbar coletivamente com a relativização da dor preta?”, questiona o professor de Direito Internacional e Direitos Humanos

    (Foto: Divulgação)
    Aquiles Lins avatar
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    247 - O advogado Thiago Amparo, membro do Conselho Editorial da Folha de S. Paulo, escreveu artigo nesta quinta-feira (30) em que faz duras críticas ao jornal por publicar texto do jornalista Leandro Narloch que relativiza o racismo no Brasil. 

    No artigo, publicado nessa quarta-feira (29), Narloch defende o que chama de "sinhás pretas" e menciona exemplos de escravas que compraram sua alforria e acumularam riqueza durante a vida na história do Brasil colônia. "A sinhá preta é um personagem poderoso porque complica narrativas de ativistas. As negras prósperas no ápice da escravidão são uma pedra no sapato de quem acredita que “o capitalismo é essencialmente racista e machista” e que o preconceito é uma força determinante, capaz de impedir que indivíduos discriminados enriqueçam", escreve Narloch. 

    Em reposta, Thiago Amparo, um homem negro, professor de direito internacional e direitos humanos na FGV-SP, escreveu que  “é peculiar da branquitude discutir o horror tomando chá", e critica a Folha por dar vazão à argumentação de Narloch. "Imagino as horas que serão gastas para se debater, com calma, se a linha editorial da barbárie foi ou não cruzada. Não há zona cinzenta aqui. O problema não é fazer referência a ‘negras minas’ —que eventualmente enriqueceram— ou a outras figuras históricas, o problema é, de forma ao mesmo tempo risível e desonesta, utilizá-las para suavizar a brutalidade da escravidão”, ascreve o professor. 

    “Ilustrando o texto, foram colocadas imagens da máscara de flandres, usada ora como instrumento de tortura escravagista, ora como meio de prevenção do banzo, o lento suicídio que consistia em ingerir terra até a morte. Folha, por que ainda precisamos nos masturbar coletivamente com a relativização da dor preta?”, questiona Thiago.

    Ele finaliza o texto dizendo que “o que está em jogo é se a pluralidade que este jornal preza inclui racismo. Jornais são documentos históricos: eu me reservo a dignidade derradeira de dizer com todas as letras que a coluna de Leandro Narloch é racista; que publicá-la faz do jornal conivente; e que em algum momento a corda do pluralismo esticou a tal ponto que nos enforcará”. 

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