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Poder

Breno Altman: o inimigo da burguesia é Lula, não Bolsonaro

Jornalista analisa movimentos da direita para construir candidaturas e repudia tese de 'frente ampla' como "ilusão desastrosa" golpistas de 2016. Assista

Breno Altman e Lula (Foto: Felipe L. Gonçalves/Brasil247)
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Opera Mundi - No programa 20 MINUTOS ANÁLISE desta terça-feira (02/11), o jornalista e fundador de Opera Mundi, Breno Altman, realizou uma exposição acerca das divisões entre grupos burgueses sobre como impedir que Lula volte à Presidência.

Apesar de reconhecer que Lula não representa nenhum movimento revolucionário ou ameaça direta ao Estado burguês, ele é tido como o inimigo central da burguesia: “Lula carrega enorme potencial de desestabilização dos pilares da ordem capitalista em nosso país, mesmo adotando reformas moderadas que apenas atenuem a superexploração do trabalho, o monopólio da terra e a dependência externa. Por isso, os mais diversos partidos e frações da burguesia estão em polvorosa, digladiando-se por alguma alternativa que derrote Lula e, preferencialmente, afaste Jair Bolsonaro do caminho. Exatamente nessa ordem de prioridade”.

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De acordo com o jornalista, isso ocorre porque Bolsonaro tornou-se “problemático”, inclusive atrapalhando acordos com os Estados imperialistas centrais, “gerando um ambiente de tensão que amplia o potencial de influência da esquerda sobre a sociedade”, principalmente após o dia 8 de março, quando o ministro Edson Fachin, do STF, anulou as sentenças contra Lula lavradas pela 13ª Vara Federal, comandada pelo ex-juiz Sérgio Moro até o final de 2018.

“Até aquela data, o cenário podia ser definido pela centralidade da disputa dentro do campo conservador, entre a extrema direita, representada pelo próprio Bolsonaro, e a direita liberal, formada principalmente pelo PSDB, o DEM e o MDB. O PT e o conjunto da esquerda ocupavam uma posição marginal, secundária, desde a derrota eleitoral de 2018”, afirmou. 

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A reabilitação do líder petista, no entanto, associada ao crescente desgaste de Bolsonaro, mudou tudo, na opinião de Altman. Para ele, apenas poucas semanas depois da decisão de Fachin, a direita liberal já estava fora do palco principal, substituída pela oposição de esquerda. 

Diante dessa tendência, que tem se consolidado, a direita liberal vem buscando alternativas. “Fora do cenário central da luta de classes, com o retorno ao jogo de Lula, essa direita liberal entrou em parafuso, vendo sua margem política ser estreitada. Os principais grupos burgueses e suas agências – além dos partidos, destaca-se a imprensa corporativa – começaram a se engalfinhar sobre um jeito de sair dessa situação extremamente delicada”, refletiu. 

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Candidaturas da 'terceira via'

Ainda que Altman identifique que uma fração importante dos grandes capitalistas siga alinhada a Bolsonaro, “por não sentir segurança em qualquer outra alternativa para impedir o retorno petista ao governo”, ele listou as principais candidaturas que estão tentando se lançar como alternativa à polarização Lula-Bolsonaro.

“A mais relevante entre essas, em termos de força partidária, será decidida no dia 21 de novembro, quando o PSDB fizer suas prévias e decidir entre João Doria, governador de São Paulo, e Eduardo Leite, governador gaúcho. Ambos foram entusiasmados apoiadores de Bolsonaro no segundo turno de 2018, passaram à oposição, mas já amenizaram seus discursos, girando para um combate cada vez mais duro contra Lula e o PT”, mencionou. 

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Ele também apontou para o ressurgimento da hipótese Sérgio Moro, cuja filiação ao Podemos ocorrerá nos próximos dias. O ex-ministro de Bolsonaro poderia ser uma aposta para reunificar os conservadores e os golpistas de 2016, de acordo com o jornalista. “Mas terá o ex-juiz coragem de enfrentar a Lula e correr o risco de uma humilhação insuperável, sendo o carrasco derrotado definitivamente por sua vítima?”, questionou.

Outras apostas da direita liberal citadas por Altman seriam Rodrigo Pacheco, atual presidente do Senado e recentemente filiado ao PSD, e Luiz Henrique Mandetta, ex-ministro da Saúde e filiado ao União Brasil, resultado da fusão entre DEM e PSL. 

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Ciro Gomes

O caso de Ciro Gomes é especial, pois ele veio do campo progressista, mas rompeu com a oposição de esquerda, aproximando-se da direita liberal. Do ponto de vista eleitoral, no entanto, o jornalista não acredita que ele represente um risco, por falta de estrutura partidária, recursos eleitorais e tempo na televisão.

“Não é razoável, porém, imaginar que ele abdique de sua candidatura. Sua salvação seria convencer a direita liberal de repetir a operação de 1994, quando recrutou Fernando Henrique Cardoso para ser o anti-Lula, um quadro de fora das suas fileiras, mas que era capaz de formar um novo bloco conservador após o final da ditadura e a queda de Collor”, argumentou. 

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Para consolidar tal posição, Ciro Gomes vem reforçando seus ataques contra Lula e o PT. “Mas quem confiará em Ciro Gomes, conhecido por morder a mão de amigos e oscilar politicamente a vida toda?”, perguntou.

A esse cenário, Altman ainda incorporou a possibilidade de uma candidatura militar ou ainda cenários extra-eleitorais, como emendas “que estabeleçam algum modelo de parlamentarismo, novos ataques judiciais, golpes híbridos ou clássicos, e até atentados contra a vida do ex-presidente Lula”.

Por isso, ele acredita que a campanha eleitoral teria que ser transformada em verdadeira "guerra popular", tomando as redes e as ruas. Para o jornalista, portanto, o caminho não deve ser afagar a “terceira via”, mas, ao combater Bolsonaro, desmoralizá-la como aliada da extrema-direita, “por sua história golpista e por defender o mesmo programa econômico”.

“Para fechar ainda mais os espaços da terceira via, e aumentar as chances de vitória no primeiro turno, é preciso convencer todo o eleitorado, incluindo os que estão indecisos ou poderiam votar por um dos nomes da terceira via, que a única possibilidade de derrotar Bolsonaro e cortar as raízes do bolsonarismo, a única possibilidade de refundar o Estado e construir outro rumo econômico, social e cultural é a candidatura do ex-presidente Lula”, concluiu. 

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