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Mídia

Para Xico Sá, 'imprensa hereditária' faz jornalismo de campanha

Comunicador critica sistema de monopólios familiares, defende democratização da mídia e escracha cobertura política dos grandes veículos

Xico Sá
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Opera Mundi - No programa 20 MINUTOS ENTREVISTA desta quarta-feira (17/11), o fundador de Opera Mundi, Breno Altman, entrevistou o jornalista, colunista e escritor Xico Sá sobre a mídia brasileira. 

Segundo Sá, após a redemocratização do Brasil, a grande imprensa passou por bons momentos, mas houve pouca evolução nas coberturas, no sentido de que elas continuam muito enviesadas, “mas com o veneno da maldade de se venderem como imparciais”.

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“Fora de períodos eleitorais, você até trabalha de maneira mais livre e democrática, mas, em geral, a imprensa hereditária faz jornalismo de campanha. E isso ficou ainda pior. Senti que foi mais difícil ver uma boa cobertura da revista Veja durante as eleições de 2014 do que as de 1989”, ponderou.

Na opinião do jornalista, nem mesmo a Folha de S.Paulo, publicação que Sá trabalhou, que se considera como um jornal que dá espaço para todas as vozes, se salva. "Só sabe esconder seu viés de forma mais profissional e sofisticada, não há equilíbrio de vozes”, disse

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Para ele, o ideal seria que a imprensa brasileira fizesse o que faz a norte-americana, de declarar sua ideologia ou seu voto durante períodos eleitorais, “tentando fazer jornalismo no resto, mas pelo menos com jogo limpo ao leitor”.

Sá avaliou exemplos concretos da cobertura da grande mídia, por exemplo com relação ao golpe de 2016 contra Dilma Rousseff, a Operação Lava-Jato e a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva: “Ninguém quis contar a história com maior afinco. Havia um pool da imprensa, que é quando os veículos combinam entre si o título e a abertura das matérias. Até a Folha caiu no pool da Lava-Jato e do impeachment”.

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E agora esses mesmos meios não querem cobrir a viagem do ex-presidente pela Europa, algo que o jornalista definiu como incompreensível. 

O escritor ainda criticou a cobertura da mídia ao governo Bolsonaro, pois personalizou no presidente as críticas, poupando o ministro da Economia Paulo Guedes, já que ele representa o projeto com o qual a grande mídia se alinha. “Essa escolha por compartimentar o governo é muito estranha, nunca tinha visto isso”, complementou.

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Por sorte, a imprensa não mantém mais a mesma influência política do passado, na opinião do jornalista, já que hoje em dia a forma de se informar está muito pulverizada.

“A grande imprensa ainda é muito forte, principalmente a TV aberta, ainda têm uma rede de influência muito forte. Mas acho que hoje em dia as pessoas se informam por tantos meios diferentes e o poder de contestação também aumentou, é mais imediato. Vivemos em outro cenário”, ponderou.

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Mídia mais democrática

De acordo com Sá, o fortalecimento da mídia alternativa foi um dos fatores que contribuiu para a perda de poder da “imprensa hereditária”, “é um bom contraponto, uma contribuição sem limites para a democracia”.

“Sem falar que a imprensa alternativa cobra equilíbrio da grande mídia, cobra cobertura, hoje não tem mais nenhum caso de polícia grande que fique só no B.O. [Boletim de ocorrência], por exemplo. Pode parecer chato da nossa parte ficar fazendo essa cobertura, mas é cada vez mais importante”, ressaltou.

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Nesse sentido, o jornalista se posicionou a favor da democratização da mídia, reforçando que não se trata de censura, mas de democracia. “A concentração de meios é que é muito nociva à democracia”, enfatizou.

Humor

Autor de diversos livros, todos com tom humorístico, Sá apontou para o humor como uma forte arma de comunicação e desconstrução, inclusive em tempos de cancelamento, como os atuais. 

“Acho que dá para usar bem o humor para falar de luta das mulheres, costumes e relacionamentos. Dá para usar o humor sem ser opressor ou macho escroto, ou bolsonarista. Mas óbvio que hoje tenho mais cuidado do que tinha há 10, 20 anos, fiz autocríticas. Tenho livros que revisaria a maioria das crônicas que publiquei”, refletiu.

Segundo ele, a própria esquerda deveria se aproveitar do humor como ferramenta, mas confessou que, diante da tragédia que o Brasil está vivendo, nem sempre é fácil encarar a realidade com humor: “Não é fácil engolir o noticiário só com poesia”.

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