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Congresso

Como foi o encontro em que Bolsonaro e Kátia Abreu selaram acordo sobre vaga no TCU

A senadora Kátia Abreu em sessão no Senado



Quando começou sua campanha para se tornar ministra do Tribunal de Contas da União, a senadora Katia Abreu (PP-TO) foi levada ao Palácio do Planalto pelo colega Flávio Bolsonaro para uma conversa cara a cara com o presidente da República. 

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Foi nessa conversa no Planalto que se firmou o acordo para que Katia Abreu pudesse ostentar também o aval do governo na busca de votos de senadores para emplacar seu nome no TCU. 

Para ser nomeada para a vaga, que é vitalícia e tem aposentadoria compulsória aos 75 anos, ela precisa da maioria dos votos dos senadores. Não havia, ainda, a candidatura de Fernando Bezerra (MDB-PE), líder do governo, à mesma vaga. O outro postulante ao TCU é Antonio Anastasia (PSD-MG), que tem o apoio do presidente da Casa, Rodrigo Pacheco. 

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No encontro no Palácio, Bolsonaro queria conhecer Kátia, mas principalmente falar do passado, já que a senadora foi ministra do governo Dilma Rousseff e esteve ao lado da ex-presidente até o impeachment, em 2016. Também foi candidata a vice na chapa de Ciro Gomes em 2018. E Bolsonaro não só votou a favor do impeachment como homenageou um torturador no microfone da Câmara, durante a sessão. 

Mas os tempos já são outros. A senadora se filiou ao PP de Ciro Nogueira e Arthur Lira, partidos que passaram a compor a base do governo, e assumiu a presidência da Comissão de Assuntos Exteriores do Senado. Chegou a dar trabalho ao governo quando emparedou o ex-chanceler Ernesto Araújo nas audiências da comissão que levaram à queda do ministro, depois de sucessivas crises diplomáticas com a China. Depois disso, mesmo mantendo algumas críticas ao presidente, a senadora maneirou no tom – foi contra a instalação da CPI da Covid, por exemplo. 

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Embora tenha sido ideia de Renan Calheiros (MDB-AL), a candidatura de Kátia foi abraçada por vários aliados do presidente da República, desde Lira e Ciro Nogueira até ao ex-ministro da Secretaria Geral Jorge Oliveira, que agora é ministro do TCU. 

Bolsonaro, portanto, já recebeu a senadora disposto a afagá-la. Disse que, embora tivessem opiniões diferentes sobre Dilma, reconhecia a firmeza da senadora ao apoiá-la e permanecer ao lado dela mesmo contra a maioria do Congresso. 

Já Kátia afirmou que nunca poderia abrir mão do que considera ser o seu senso de justiça e já engatou um aceno ao presidente, dizendo que, na política, não trabalha para "ferrar ninguém". 

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Era a senha de que Bolsonaro precisava para chancelar a escolha da senadora para uma vaga que foi aberta justamente com o propósito de melhorar sua relação com o Senado – Casa onde ele vem colecionando derrotas. 

Como por lei a vaga é do Senado, a solução do presidente da República foi abrir uma vaga nomeando o ministro Raimundo Carreiro, indicado pelo Senado na gestão de Renan Calheiros, para uma embaixada em Portugal.

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A sabatina de Carreiro na Comissão de Relações Exteriores para se tornar embaixador em Portugal deve ser nesta quinta-feira, numa sessão comandada pela própria Kátia. A expectativa é que, passada essa etapa, a eleição para a vaga do TCU ocorra nos próximos dias. Até lá, ainda vai haver muita disputa nos bastidores pela vaga. 

 

 

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