Com assassinato do líder do Estado Islâmico, Biden tenta salvar sua administração
Comentarista da TV 247, José Reinaldo Carvalho diz que a operação dos EUA tem "efeitos midiáticos por conta dos baixos índices de popularidade do Biden"
247 - O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou nesta quinta-feira (3) a morte do líder do Estado Islâmico (Isis), Abu Ibrahim al-Hashimi al-Qurayshi, na Síria, em decorrência de uma operação de militares norte-americanos.
Segundo relato de Biden, os militares cercaram o terrorista, que detonou uma bomba, cometendo, portanto, suicídio e causando também outras mortes.
Em entrevista coletiva, o mandatário dos EUA afirmou que a operação teve como objetivo "proteger o povo americano e nossos aliados e tornar o mundo um lugar mais seguro". O jornalista José Reinaldo Carvalho, editor internacional do Brasil 247 e comentarista da TV 247, afirma que a fala de Biden é "demagógica". “É muito difícil que um ato desse isolado vá trazer mais segurança para o mundo se permanecer a política de guerra e as intervenções. É demagógico dizer que vai tornar o mundo mais seguro".
Em 2021, reportagem do jornal "The Washington Post" revelou que al-Qurayshi chegou a ser informante dos EUA no fim da primeira década dos anos 2000, quando esteve preso. O fim da relação entre o terrorista e os EUA se deu quando al-Qurayshi ficou insatisfeito com a ausência de contrapartida do país pelas suas informações. Como retrato do cenário nebuloso envolvendo a relação de al-Qurayshi com o governo estadunidense, nem mesmo a hipótese de queima de arquivo pode ser descartada.
O fim do terrorismo, explica Carvalho, "não depende de ações deste tipo. Depende, primeiramente, do fim do terrorismo de Estado, com o que os Estados Unidos estão muito comprometidos. O terrorismo no Oriente Médio está muito ligado ao intervencionismo dos Estados Unidos naquela região. Muitos dos terroristas que atuam na Síria, principalmente em Idlib, foram criação das potências imperialistas e outras potências regionais que tentaram fragmentar a Síria”.
Para Carvalho, a operação norte-americana visa salvar a popularidade de Biden, que sofre com desaprovação por parte do povo americano e que não tem conseguido reverter sua situação política com o fomento da tensão entre Rússia e Ucrânia. “Trata-se de mais uma operação do governo dos EUA para matar seletivamente determinados líderes terroristas, como fizeram em 2011 com Osama Bin Laden. É uma notícia que, obviamente, pela presença que tem o Estado Islâmico, é de impacto, mas é duvidoso que isso seja suficiente para acabar com o terrorismo no Oriente Médio e aniquilar o Estado Islâmico. Assim como não aconteceu com o Bin Laden. A Al-Qaeda continua. Pode ser que estejamos diante de mais uma ação com efeitos midiáticos por conta dos baixos índices de popularidade do Biden e pelas dificuldades diplomáticas que ele tem encontrado no mundo, já que sua atuação na Ucrânia não tem se convertido em resultados positivos para sua administração”.
Al-Qurayshi substituiu al-Baghdadi no comando do Estado Islâmico imediatamente após a confirmação de sua morte, em 2019, segundo o G1. Ele era considerado pelo grupo uma "figura proeminente na jihad [guerra santa]".
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