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Poder

PSDB vai fechar Federação com Cidadania, mas vê MDB escapar e deve perder de 12 a 17 deputados

Convertido a legenda “média” no Congresso depois do golpe de 2016, que ajudou a dar, PSDB vislumbra sangria inédita de deputados antes da eleição de outubro

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Luís Costa Pinto, do 247 – O Partido da Social Democracia Brasileira, fundado em 1988 e em cujo Manifesto se lia a epígrafe grandiloquente: “Longe das benesses oficiais, mas perto do pulsar das ruas, nasce o novo partido”, encontra-se neste momento muito distante do “pulsar das ruas” e louco por arrumar um rumo que o ponha de volta à estrada que conduz às “benesses oficiais”. Até 31 de março, quando se fecha a janela partidária que permite a parlamentares federais trocarem de sigla sem perder o mandato ou tê-lo contestado no Tribunal Superior Eleitoral, entre 12 e 17 deputados da bancada de 32 integrantes do PSDB na Câmara devem dar adeus à legenda outrora poderosa e cobiçada.

Governador de São Paulo, vencedor do legítimo processo de prévias eleitorais que poderia ter oxigenado o comando partidário e reanimado as bases, o pré-candidato presidencial João Doria é o maior culpado da decadência tucana. Ex-presidente nacional e estadual do PSDB, o ex-deputado José Aníbal (suplente do senador José Serra), está de malas prontas para se filiar ao PV. Ex-secretário-geral da Presidência da República de Fernando Henrique Cardoso e ex-ministro da Justiça nos mandatos do tucano, o ex-senador Aloysio Nunes Ferreira avaliou seguir Aníbal ao menos na despedida do PSDB. Ainda não decidiu se o fará. 

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Foi Aécio, e não Doria, quem espalhou explosivos por dentro da estrutura do PSDB

Aníbal e Nunes são a ponta do iceberg de insatisfações que se acumulam na legenda com a direção personalista, autoritária, autocentrada e ideologicamente estreita exercida por Doria. Mas, o governador de São Paulo não foi o elemento que implantou os explosivos que terminarão por implodir o edifício do partido social-democrata criado a partir de uma costela do PMDB durante as divergências que eclodiram no governo José Sarney (1985-1990) e na Constituinte de 1987/88. 

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O “terrorista” interno, que não teve coragem de se assumir como homem-bomba, foi Aécio Neves. A gênese do processo por meio do qual o PSDB se autodestrói está na maneira como Aécio conduziu a campanha presidencial de 2014, a desfaçatez com que atropelou a Democracia recusando-se a aceitar o veredito das urnas e a aliança demoníaca selada com Eduardo Cunha e Michel Temer para, juntos, empreenderem o impeachment sem crime de responsabilidade da presidente Dilma Rousseff – na verdade, um golpe jurídico/parlamentar/classista.

As saídas dos deputados Rodrigo de Castro, de Minas Gerais, ex-secretário-geral do partido, e do goiano Célio Silveira, além da deputada Mara Rocha, do Acre, já foram comunicadas à direção nacional do PSDB. Ao menos três deputados gaúchos deverão fazer o mesmo. Pretendem seguir o governador Eduardo Leite caso ele decida pela filiação ao PSD. Há a hipótese de Leite se tornar candidato ao Senado pelas mãos de Gilberto Kassab e em aliança com o próprio vice, que será candidato à reeleição depois de herdar o mandato do titular. Ou, o governador do Rio Grande do Sul poderia abraçar a candidatura presidencial “esquenta-posição” que lhe foi ofertada por Kassab: sentra praça no posto, finge que é para ser levado a sério e guarda a vaga para negociar um cacife mais elevado na mesa do cassino político nacional. 

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Presidente nacional do PSDB, o pernambucano Bruno Araújo não consegue pacificar nem mesmo a sua base estadual. Haverá defecções em Pernambuco, estado onde pela primeira vez, em muitos anos, os tucanos podem ter a liderança da oposição à chapa aliancista que está sendo formada entre o PSB do governador Paulo Câmara e da família Campos (do ex-governador Eduardo Campos) e o PT do ex-presidente Lula e do senador Humberto Costa. Prefeita de Caruaru, Raquel Lyra (PSDB) é o nome melhor colocado do campo da centro-direita à direita. 

Velha guarda do MDB não quer compromisso formal com nenhum candidato a presidente, muito menos Doria

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As dores de cabeça regionais de Araújo, porém, são potencializadas pelo processo de criação da Federação “social-democrata” reunindo o PSDB e o Cidadania. Também pernambucano, contudo radicado politicamente em São Paulo, o ex-senador e ex-deputado Roberto Freire, presidente do Cidadania, tenta impor suas vontades e determinações na Federação. Com uma trajetória biográfica muito mais rica e consolidada do que a de Bruno Araújo, e em razão de serem quimeras irrealizáveis as especulações em torno da atração do MDB para essa Federação, Freire deixa tenso o clima pré-nupcial entre tucanos e os “ex-comunistas”. O Cidadania nasceu do PPS que, por sua vez, foi o nome dado ao velho PCB (que este ano faria 100 anos) na esteira da queda do Muro de Berlim (1989) e da dissolução da União Soviética.

Preparando-se para regressar a mandatos eletivos, antigos e tradicionais caciques do PMDB como os ex-senadores Romero Jucá, Eunício Oliveira e Edison Lobão, além da ex-governadora Roseana Sarney e os senadores Renan Calheiros e Jáder Barbalho, que jogam junto com eles, já comunicaram ao presidente do MDB Baleia Rossi que não há hipótese de uma Federação unindo emedebistas, tucanos e o Cidadania prosperar. Não por serem resistentes a alianças com o PSDB e o partido de Freire, mas, sim, porque não desejam apoiar João Doria. Escolados em ao menos 40 anos de política, a velha guarda do MDB sabe que no DNA do partido está a competitividade nos pleitos regionais para conservarem as chances de ampliar bancadas e permanecerem como noiva cobiçada por qualquer um que ocupe a Presidência. No momento, no “tinder” emedebista, o match” por afinidades eletivas só aponta para um consorte reluzente na cena política: Lula, do PT.

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João Doria, nos últimos 45 dias de mandato como governador de São Paulo, uma vez que se auto impôs o compromisso da renúncia à reeleição para entrar na refrega presidencial, terá de vestir o uniforme de uma personagem cujo papel jamais soube desempenhar: o de bombeiro. Revelando-se incompetente para debelar as chamas que consomem o PSDB e acendem os rastilhos de pólvora que conduzem aos explosivos escondidos por Aécio Neves na estrutura do tucanato tradicional, restará a ele assistir ao desmoronamento da sigla em razão da alta temperatura do fogo interno.

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