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Entrevistas

Para Mathias Alencastro, conceito de imperialismo está superado e esquerda deve substituí-lo pela noção de "superpotências"

Cientista político afirmou que conceito de imperialismo não é mais útil como categoria analítica e defendeu construção de consenso na esquerda sobre o conflito na Ucrânia

(Foto: Reprodução)
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247 - O cientista político Mathias Alencastro, em entrevista à TV 247, disse não acreditar na conceitualização do momento atual das relações internacionais através da noção de imperialismo, que ele vê como ultrapassada. 

“Imperialismo é um conceito que nos joga com o século 19 e nos leva para o tempo das paixões nacionalistas, da colonização e dos processos de consolidação do sistema internacional pela força. É um termo que tem significados diferentes para diferentes povos. Para os povos no Leste Europeu, a Rússia é uma potência imperialista, para os povos na África ocidental e oriental, a França é uma potência imperialista, assim como Portugal na África austral. Aqui na América Latina nós vivemos os Estados Unidos como potência imperialista. É, portanto, um conceito associado a uma história real dura e brutal do passado", explicou. 

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De acordo com o cientista político, uma categoria mais adequada seria a de superpotências -- países até mesmo fora do eixo EUA-Europa que possuem interesses econômicos ao redor do mundo. Assim, ele defende a construção do Brasil e da América Latina como superpotência e força de contraposição a diversos interesses geoeconômicos. 

"Mas talvez ele tenha deixado de ser uma categoria analítica útil no século 21. Creio que o termo superpotência adequa-se mais ao que vivemos hoje. A superpotência por definição tem ambições comerciais e de outras esferas de influência. Mas é uma situação diferente do passado. Talvez algumas superpotências ativem nosso gatilho anti-imperialista, especificamente na América Latina os 100 anos de imperialismo dos EUA", disse. 

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"Por outro lado, a nossa relação com a China é baseada em 20 anos de trocas comerciais prósperas, mas o fato é que tanto a  China como os Estados Unidos têm objetivos geoeconômicos para a América Latina. Por mais que a China tenha uma abordagem global diferente dos Estados Unidos, ela não deixa de ser uma abordagem global e ela não deixa de ver o Brasil e a América Latina como objetos de uma ambição maior. Creio que, pensando do ponto de vista brasileiro, cabe trocar a chave do imperialismo e do anti-imperialismo por uma chave da presença do Brasil no mundo de superpotências em competição e enxergar a autonomia brasileira integrada a uma vontade regional, latino-americana. Dentro de um mundo que caminha para a multipolaridade, essa categoria de superpotência pode ser  uma categoria analítica mais útil do que é a categoria  imperialismo. E podemos, por hipótese, ter quatro grandes superpotências: os Estados Unidos, a China, a União Europeia e um futuro bloco da América Latina”, seguiu. 

Esquerda

Mathias Alencastro defendeu ainda a construção de um consenso na esquerda sobre o conflito armado na Ucrânia, que passe por quatro pontos principais. 

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“Temos que começar a trabalhar os consensos em vez das divergências no tema da guerra Rússia-Ucrânia. É importante a esquerda brasileira encontrar uma plataforma na qual todos possam concordar e na qual a gente possa trabalhar junto, construindo uma posição da esquerda unificada. É um desafio", disse. 

"Temos algumas premissas e falas relevantes e recentes de figuras da liderança do PT que podem ajudar. Creio que elas são ao redor de quatro pontos: condenação da Otan e da sua política, o caráter ilegal da invasão da Rússia, que violou os conceitos básicos do direito internacional, posição que vale para condenar a ação de qualquer potência que realize ação como a russa, mas que marcou a história recente dos EUA, por exemplo, assumir a  posição histórica do Brasil de defesa da Paz e defesa de uma solução pacífica democrática para todos os povos. Creio que esta seja uma plataforma comum que pode reunir a esquerda, que ninguém fique totalmente satisfeito, mas é um campo comum", disse. 

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"O ponto-chave é que daqui a oito meses tem eleição e a não dá para chegarmos lá brigando por cinco meses sobre a guerra, ainda mais com o nível de radicalização atual. O preço pode ser chegarmos estourados a outubro”, completou.

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