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      Moisés Mendes

      Moisés Mendes é jornalista, autor de “Todos querem ser Mujica” (Editora Diadorim). Foi editor especial e colunista de Zero hora, de Porto Alegre.

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      Moraes deu o recado: não faltará destemor para garantir eleições

      "Temos finalmente a mensagem aguardada: não faltará destemor. Moraes sabe que o caos pode ser apenas o cachorro louco dos Bolsonaros", escreve Moisés Mendes

      (Foto: STF | Isac Nóbrega/PR)

      Por Moisés Mendes, para o 247

      Donald Trump apostou no caos sem saber direito o que resultaria da invasão do Capitólio. Se o levante fosse disseminado, Joe Biden seria preso e Trump continuaria no poder?

      Se Trump tivesse assumido o volante da limusine dos seus seguranças e se dirigido ao Congresso, naquele 6 de janeiro do ano passado, os Estados Unidos poderiam ser hoje um Afeganistão? Os talibãs de Trump estariam na Casa Branca?

      Flávio Bolsonaro, na mais explícita manifestação de sinceridade desde o início do blefe do golpe, avisou que a família considera mesmo a hipótese de uma rebelião contra a eleição. Não que o pai dele queira, mas pode acontecer.

      O caos em articulação no Brasil, mesmo que aparentemente sem muito método, tem várias frentes. Todas passam por alguma forma de esculhambação.

      Primeiro, a esculhambação da eleição antes de outubro, se a derrota para Lula for inevitável e avassaladora já no primeiro turno.

      Depois, a esculhambação da eleição no momento da votação. E por último a esculhambação na hora da apuração.

      Todas essas esculhambações podem ser acionadas em combinação e em sequência e, no final, teriam de contar com o aval dos militares.

      Trump investiu tudo nos esculhambadores da apuração. Fracassou e incitou a invasão, apostando no que viria após a tomada do Capitólio.

      Essa é a dúvida que ninguém mais irá resolver: o que haveria depois da depredação do Congresso, se o homem com as guampas e seu rebanho tivessem contaminado o país com ações violentas por toda parte?

      A cena do imponderável, em que um homem aspado põe as botas sobre a mesa da presidente da Câmara, poderia se repetir aqui de que forma?

      Bolsonaro faria o que Trump fez, incitando publicamente a invasão? Os filhos de Bolsonaro, que tiram fotos com fuzis e fazem arminha com os dedos, também participariam de alguma ação armada liderada por algum sujeito com ou sem guampas?

      Bolsonaro tentaria tomar a direção do jipe, expulsando o cabo e o soldado da viatura e seguindo em direção ao Supremo?

      Sabemos que a aposta no alerta da confusão é a prioridade do momento, mesmo que seja mais um blefe, como tentativa de manter as milícias bem acordadas e para atossicar polícias militares e assim fidelizar o engajamento dos generais.

      Bolsonaro e os filhos começam a amplificar os recados, num momento em que o contraponto de Alexandre de Moraes também se acentua, com o aviso de que Supremo e TSE não vão se acovardar.

      Na palestra em Lisboa, o ministro foi além da retórica protocolar do respeito à Constituição, às instituições e às eleições. Essa é a grande frase desde o início do embate entre Moraes e os milicianos:

      “O Brasil sabe como manter a sua democracia. E o poder judiciário vai permanecer independente, corajoso, competente e destemido”.

      É um recado forte aos que acham que têm os militares, os milicianos, a população armada, as PMs, um jipe e agregados para criar o caos e esperar o que virá depois.

      Temos finalmente a mensagem que era aguardada: não faltará destemor. Moraes e outros poucos destemidos sabem que o caos pode ser apenas o cachorro louco dos Bolsonaros.

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      * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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