CONTINUA APÓS O ANÚNCIO
Entrevistas

Ricardo Rao, ex-funcionário que denunciou presidente da Funai de evento em Madri: “uma hora revolta”

Exilado na Europa após receber ameaças, Rao voltou a denunciar as relações de Marcelo Xavier com as milícias: “Olha na mão de quem a Funai foi parar”

Ricardo Rao protesta contra presidente da Funai (Foto: Reprodução)
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

Por Gisele Federicce - Alvo de ameaças de milicianos no Brasil e longe da família e de seu país por mais de dois anos, Ricardo Henrique Rao foi o responsável por protestar contra a presença do presidente da Funai, Marcelo Xavier, em um evento em Madri, nesta quinta-feira (21). As imagens viralizaram durante todo o dia e foram noticiadas em toda a imprensa.

“Uma hora revolta”, desabafou o indigenista e ex-funcionário da Funai em entrevista ao Boa Noite 247 na noite da mesma quinta. Na Espanha já era madrugada quando ele relatou, ao vivo, que foi alertado e cobrado pelos colegas da Funai no Brasil de que o chefe da entidade estaria na Europa para a 15ª Assembleia Geral da Filac (Fundo para o Desenvolvimento dos Povos Indígenas da América Latina e Caribe). 

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

“Então com muita dificuldade, mas com uma rede de apoio muito sólida aqui no exterior, nós conseguimos organizar esse ato político”, explicou. Nesta sexta (22), um dia após o ato, o presidente da Funai acionou a Justiça contra o ex-servidor por “dano à imagem”. Rao pode ser enquadrado na Lei de Segurança Cidadã, conhecida na Espanha como 'Lei da Mordaça' - amplamente criticada por movimentos sociais.

Em seu protesto, Rao disse que Xavier “é responsável” pela morte do indigenista Bruno Pereira, assassinado junto com o repórter Dom Phillips no Vale do Javari, no Amazonas, em junho deste ano. “Esse homem é responsável pela morte de Phillips. Você é um miliciano, bandido. Vai embora mesmo, vai para fora”, gritou. Xavier deixou o local constrangido.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Rao relacionou seu protesto com o assassinato do colega morto: “dada a minha situação de culpa mesmo né. Poxa, o Bruno morreu, o Paulo Paulino morreu. Eles merecem que a gente faça o melhor pela memória deles”. Ele se refere ao líder indígena Paulo Paulino Guajajara, que atuava pela proteção da floresta e foi morto em setembro de 2019. Logo depois, Rao deixou o país. Dizia saber que seria o próximo.

E diz ainda sobre Bruno Pereira, com quem fez curso de formação para entrar na Funai, há mais de dez anos: “Eu me sinto culpado agora mesmo. Olha o Bruno. Com o Bruno eles deram um tiro nele, dispararam contra o Bruno. Eu não disparei contra o Xavier”.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Rao critica o termo “auto-exilado”, argumentando que não teve escolha senão sair do país. “Ninguém se auto-exila, eu não estou aqui por minha vontade. Eu questiono esse prefixo, ‘auto’. Porque dá a impressão que um belo dia eu falei ‘cansei’. Não. Eu era feliz, gostava do meu serviço, da minha mulher, do meu filho, da minha casa, eu gostava de Imperatriz (do Maranhão), do Rio Tocantins, e estou privado de tudo isso. Não é por minha vontade. Porque se eu tivesse aí, o que fizeram com o Bruno já teriam feito comigo”.

Denúncias formais

O indigenista apresentou em novembro de 2019 à Comissão de Direitos Humanos da Câmara de Deputados um dossiê no qual acusava a Funai de ter sido desmontada nas mãos de Bolsonaro e detalhava como o órgão passou a ser controlado por milícias. Dois dias depois, partia para Oslo.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

“Eu sabia que eu seria morto . Então quando eu entreguei esse dossiê, imediatamente eu pedi asilo na Noruega, contei com ajuda da Soninha Guajajara, do deputado Orlando Silva… depois de dois anos, eles reavaliaram meus documentos e viram que eu tinha passaporte italiano, então me desloquei para a Itália, porque eles não poderiam me dar asilo definitivo”, relata.

Na entrevista, ele volta a fazer denúncias contra Marcelo Xavier e sua proteção de milicianos quando ocupava o cargo de delegado. “Olha na mão de quem a Funai foi parar. Uma hora revolta”.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Rao voltou a sofrer ameaças após a morte de Bruno Pereira, mesmo no exterior. “Depois que eu voltei a me manifestar publicamente”.

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Cortes 247

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO