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Entrevistas

Rogério Anitablian: Estados Unidos não são um tigre de papel

Complexo bélico-industrial norte-americano mira a China na guerra contra Rússia; e ida de Nancy Pelosi a Taiwan foi golpe bem-sucedido de propaganda, diz analista geopolítico

Anitablian, Joe Biden, Xi Jinping e Putin (Foto: Reprodução | Reuters)
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Opera Mundi - O analista geopolítico Rogério Anitablian participou do programa 20 MINUTOS desta sexta-feira (05/08), com Breno Altman, e interpretou a viagem da presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, a Taiwan como um golpe bem-sucedido de propaganda de guerra, contra a China. 

Em sua opinião, mesmo com a hegemonia acossada pela aliança sino-russa e pela guerra na Ucrânia, os Estados Unidos não podem ser subestimados ou entendidos como o “tigre de papel” de que falava o líder comunista chinês Mao Tsé-Tung para descrever o imperialismo norte-americano.

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O poderio exibido em Taiwan ajuda a explicar, por exemplo, a posição geopolítica subalterna da União Europeia em relação aos interesses de Washington: “se deve à eficiência desse que não podemos chamar de tigre de papel, que é o complexo bélico-industrial dos Estados Unidos, uma operação que muitas vezes parte de Londres".

Para Anitablian, segue indefinida a constituição de uma nova bipolaridade mundial, com o Ocidente liderado pelos norte-americanos de um lado e a coalizão China-Rússia de outro. “Na guerra da propaganda, os Estados Unidos ganharam o primeiro round. Os chineses perderam, e perderam feio”, conclui. 

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O passo norte-americano rumo a Taiwan seria uma reação aos efeitos deletérios de sua própria desvantagem na guerra da Ucrânia e junto à opinião pública europeia, descontente com os aumentos dos preços de gás e eletricidade, inflação, desemprego e fluxos migratórios.

Fazer o avião com Pelosi pousar em Taipei foi ousado, mas necessário do ponto de vista norte-americano, nas palavras do analista: “Argélia, Nigéria, Argentina, Irã e Egito estão manifestando interesse em participar dos BRICS. O contragolpe dos Estados Unidos pode de alguma forma fazer com que esses países pensem se efetivamente o guarda-chuva dos BRICS pode lhes assegurar vantagens numa relação de contraponto à Aliança Atlântica, à União Europeia".

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Em revide, Pequim considerou o ato “uma interferência grosseira nos assuntos internos da China” e anunciou sanções  contra os Estados Unidos. 

Também a guerra na Ucrânia tem a China como alvo principal, mais que a própria Rússia, afirma.

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E ele arremata: “o grande mote é o avanço chinês, que parece forte o suficiente para que Estados Unidos e Grã-Bretanha coloquem o mundo à beira do precipício”.

Fim da guerra?

A Ucrânia, nessa perspectiva, seria estratégica para a Rússia não só devido à ameaça representada pela adesão do país fronteiriço à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). Sob controle ocidental, as instabilidades fomentadas em vários países com as chamadas revoluções coloridas poderiam apontar para a Rússia, tendo por base a capital ucraniana, Kiev. 

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“A Rússia considera não só a instalação de mísseis na Ucrânia, mas também a possibilidade de que a partir de Kiev se criem movimentos que gerem instabilidade e em última instância levem até à secessão do país”, diz.

Anitablian chama atenção para uma mudança de eixo da economia russa, em sentido contrário ao que os Estados Unidos esperavam ao impor sanções a Moscou. "Na balança comercial, a economia russa está muito mais superavitária do que estava no início do conflito”, afirma, avaliando que a Rússia pode não ter pressa de encerrar a guerra. 

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“Prolongar o conflito tem sido interessante para os russos do ponto de vista econômico, porque tem majorado os preços de combustíveis, fertilizantes e grãos, commodities que a Rússia tem em grande quantidade. Ao não poder ou querer levá-los para a Europa, a Rússia reforça, com preços maiores, as relações com mercados como China e Índia", afirmou.

O analista ironiza a importação do racismo antichinês nos Estados Unidos pelo bolsonarismo brasileiro: “Donald Trump visava o coração, a alma e a mente do norte-americano que perdeu emprego no meio-oeste em função da migração de empresas para a China e Sudeste Asiático. No Brasil, sem compreendermos absolutamente nada, replicamos um discurso que nunca nos interessou”. 

Integrante dos BRICS seja sob Lula ou Bolsonaro, o Brasil deve seguir um caminho autônomo e não alinhado, na avaliação de Anitablian. Ele situa, por exemplo, a Operação Lava Jato no contexto das manobras diversionistas e da propaganda norte-americana.

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