Por Andressa Motter, Globonews


Mortalidade materna dispara na pandemia e atinge maior nível em 22 anos, aponta pesquisa

Mortalidade materna dispara na pandemia e atinge maior nível em 22 anos, aponta pesquisa

O número de óbitos maternos registrado no Brasil em 2021 foi o maior em 22 anos. Ao todo, 2.857 grávidas e puérperas morreram no ano passado —uma média de 8 por dia. O crescimento superior a 45% na comparação com o ano anterior está relacionado, principalmente, com a covid-19.

Os dados foram levantados pela Fundação Abrinq para a GloboNews. A entidade, que trabalha na defesa de direitos de crianças e adolescentes, agregou resultados dos Painéis de Monitoramento de Nascidos Vivos e Mortalidade Materna, do Ministério da Saúde, aos indicadores do Datasus (Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde).

Os números de 2021 ainda estão sendo atualizados, portanto o levantamento é preliminar e leva em conta os dados inseridos nas plataformas até 3 de agosto.

A razão da mortalidade materna a cada 100 mil nascidos vivos também cresceu 49% no intervalo de um ano: saiu de 72 em 2020 para 107,4 óbitos a cada 100 mil nascidos vivos em 2021. Também um recorde.

O primeiro ano da pandemia, 2020, já havia registrado aumento na razão de mortes maternas, alcançando valores idênticos aos registrados em 2009, quando o Brasil viveu o surto de Influenza H1N1.

Patrícia Alves, técnica do Programa Mortalidade Zero da Fundação Abrinq, diz que as mortes maternas têm múltiplos determinantes, que incluem a piora na qualidade de vida dos brasileiros e o aumento das desigualdades nos últimos anos.

“As mulheres brasileiras já conviviam com dificuldades no acesso à assistência adequada no período gestacional. Essa situação só foi intensificada no período pandêmico”, diz Alves. Ela cita a insuficiência de recursos, a baixa qualidade do pré-natal, o número reduzido de leitos em maternidades e a demora na prestação de serviços de assistência.

No ano passado, quase 68% dos óbitos tiveram causas obstétricas indiretas, ou seja: foram motivados por doenças que já existiam ou se desenvolveram durante a gestação, como a Covid-19 ou gripes, sem relação direta com a gravidez. Foi a primeira vez que esse tipo de morte respondeu pela maioria dos casos desde 2000.

As grávidas e puérperas são consideradas grupos de risco para a Covid-19.

As regiões Sudeste e Nordeste responderam por quase 62% das mortes maternas no ano passado —com 992 e 771 casos, respectivamente. Depois, vêm Norte (433), Sul (380) e Centro-Oeste (281), segundo a Fundação Abrinq.

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