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Brasil

Christian Dunker diz que 'imbrochável' é a síntese do bolsonarismo: 'masculinidade frágil'

Psicanalista diz que fala de Bolsonaro é apelo a uma segurança genérica, "à criação de inimigos que são vistos como fracos, como os brocháveis, não suficientemente violentos"

Christian Dunker: no neoliberalismo, cada um é seu próprio fascista (Foto: Felipe Gonçalves/Brasil 247 | ABr)
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Glauco Faria, Brasil de Fato - Em seu discurso após o desfile de 7 de Setembro, o presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) fez um discurso no qual repetiu clichês apelando à masculinidade e a um padrão estereotipado do papel da mulher e do conceito de "família", acenando em especial para a base do seu eleitorado.

Após falar que a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, "muitas vezes está é na minha frente" e não ao seu lado, recomendou aos homens solteiros que se casassem. "E eu tenho falado para os homens solteiros, para os solteiros que estão cansados de ser infelizes. Procure uma mulher, uma princesa, se casem com ela, para serem mais felizes ainda." Em seguida, beijou a primeira-dama, para puxar o coro de "imbrochável, imbrochável, imbrochável" junto com parte da plateia.

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"Imbrochável é um significante fundamental do Bolsonaro desde sua campanha e ele se refere a esse apelo pela masculinidade que compõe boa parte dos apoiadores e cria um conjunto de identificações com aquelas pessoas que sentem que a sua masculinidade tradicional heteronormativa está ameaçada com as transformações recentes. Com as mudanças que a gente tem no Brasil, muitas pessoas sentem que perderam o lugar e que as coisas estão 'desorganizadas', que estão subvertendo hierarquias tradicionais", avalia o psicanalista e professor da Universidade de São Paulo (USP), Christian Dunker. 

O adjetivo já usado por Bolsonaro em outras ocasiões, portanto, não é colocado à toa em suas falas. "A ideia do imbrochável é aquela que suscita a intromissão no discurso público de um aspecto da vida privada, que é aquele que está permanentemente ereto, que nunca fraqueja, que está oferecendo assim, tal como uma arma cheia de balas, sempre prontas para serem empregadas, a sua masculinidade como forma de garantir proteção para aqueles que estão se sentindo inseguros", explica Dunker. 

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"Então, em uma retórica mais ou menos conhecida, você primeiro incita um tema, um lado da fantasia, e para isso usa o discurso libidinal, libidinoso, e em seguida oferece a proteção, a identificação com o líder. Oferece assim o pai protetor", aponta. "Essa é uma síntese do bolsonarismo, a masculinidade frágil, um apelo a uma segurança genérica, a criação de inimigos que são vistos como fracos, como os brocháveis, não suficientemente violentos. Os brocháveis são os outros."

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