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América Latina

Em plebiscito, Chile rejeita nova Constituição com ampla margem

Com 90% das urnas apuradas, 62% dos chilenos votaram contra o texto, impondo derrota ao governo de Gabriel Boric

Votação no plebiscito para a nova Constituição do Chile (04/09) (Foto: Twitter/Servicio Electoral)
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ARN Notícias - A maioria dos chilenos rejeitou o projeto de uma nova Constituição, que foi colocado em votação neste domingo, descartando o documento elaborado há um ano pela Convenção Constitucional, que recebeu o apoio da esquerda e a rejeição da direita, ao mesmo tempo, gerando divisão na centro-esquerda.

Os dados do escrutínio parcial do Serviço Eleitoral (98% dos votos) indicam que a Rejeição do projeto atingiu 62% dos votos, enquanto a Aprovação obteve 38%. O resultado obtido pela Rejeição está bem acima do que previam as pesquisas, cuja divulgação foi proibida nas últimas duas semanas, e vão contra o que os analistas vinham dizendo, que afirmavam que nesse período as diferenças foram encurtadas.

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Os setores políticos que se enfrentaram neste domingo foram os mesmos que no segundo turno de 2021 apoiaram o agora presidente, Gabriel Boric, e o então candidato presidencial José Antonio Kast. O Aprovar acumulou mais de 4,5 milhões de votos, assim como Boric na época, mas a Rejeição obteve mais de 7,5 milhões de votos, mais que o dobro do número que Kast conquistou em 2021.

Em relação à participação, segundo dados parciais, 12,5 milhões de chilenos votaram neste domingo, quando o voto era obrigatório, bem acima dos 8,3 milhões no segundo turno de 2022.

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A celebração da rejeição

Os políticos da tradicional direita chilena, que colheram resultados ruins nas últimas eleições, não participaram da campanha anterior ao plebiscito, mas inundaram o comando da Rejeição assim que os primeiros dados da votação começaram a ser conhecidos.

Um deles foi o senador Javier Macaya, presidente da União Democrática Independente, partido político herdeiro de Augusto Pinochet, responsável pela Constituição elaborada durante a ditadura que vigora desde 1980.

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"Esta é a derrota da refundação do Chile (...) e o governo não pode ser dissociado dessa derrota", assegurou Macaya, após assegurar que o Executivo fez campanha pela aprovação, algo que não é permitido pela lei chilena. A votação "tem que ser um apelo à reflexão para o governo, que tem um papel a desempenhar nisso", acrescentou, antes de dizer que a UDI concorda com a necessidade de um novo texto constitucional, como fizeram em 78% dos Chilenos no plebiscito de 2020.

Enquanto isso, um dos rostos mais visíveis da campanha de Rejeição, o porta-voz da Casa Ciudadana por el Rejezo, Claudio Salinas, assegurou que agora devemos "continuar trabalhando" para avançar rumo a uma nova Constituição. "Hoje, a partir da Rejeição, queremos anunciar um caminho de esperança para continuar avançando", salientou Salinas. "O Chile não exige mais divisão, não pode suportar mais incertezas, precisamos seguir em frente", acrescentou.

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"Esta foi a eleição mais importante desde o retorno da democracia (e) estamos felizes porque os cidadãos estão ganhando as eleições por interesses políticos", disse o porta-voz, que pediu à sociedade civil e aos partidos políticos que "tenham pontes" para promover "participação cívica e cidadã".

Em seus discursos, os dirigentes da Rejeição fizeram algumas referências a pontos do projeto constitucional que foram questionados, dando a entender que colocava em risco a propriedade privada e os fundos de pensão, pontos que foram repetidamente negados.

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Enquanto em um lugar se encontravam os setores da direita que apoiavam a Rejeição, em outro se encontravam os movimentos de centro-esquerda que apoiavam a mesma opção.

Lá, a senadora Ximena Rincón, da Democracia Cristã, disse que o voto é "uma resposta dos cidadãos a um texto ruim" que "não une o país, não atende às necessidades urgentes, as confronta" e não "dá respostas para o que o país estava processando. O senador ressaltou que agora há uma experiência acumulada e pediu "recolher os bons e deixar os ruins para trás" para avançar com mais um documento constitucional.

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Breves discursos na Aprovação

Enquanto no comando Rejeição as comemorações foram vistas desde os primeiros dados, no comando Aprovação houve silêncio e o acesso não foi habilitado. Logo após a abertura das portas, e quase meia hora depois do esperado, alguns líderes políticos subiram ao palco acompanhados pelos porta-vozes, deputados Vlado Mirosevic e Karol Cariola.

"Aceitamos humildemente este resultado e seu conteúdo", começou Mirosevic. “Depois de um dia de participação histórica, que muito valorizamos, os cidadãos decidiram rejeitar o texto da Convenção Constitucional. Como comando da Aprovação, reconhecemos esse resultado e aceitamos humildemente o que o povo tem manifestado”, aprofundou.

Por sua vez, Cariola fez "um apelo à calma" e ao orgulho "do trabalho realizado", e lembrou que agora o caminho continua em direção a um novo projeto constitucional. Nesse sentido, lembrou que 78% dos que falaram por uma reforma constitucional no plebiscito de 2020: “Esta vontade forte e clara que nos trouxe até hoje não se perde com este resultado. A constituição de 1980 não nos une nem nos representa, a decisão de nos darmos uma nova constituição ainda é válida hoje e foi reconhecida pelos representantes da Rejeição”, sublinhou. "A Constituição do abuso e da ditadura ficará no passado", enfatizou.

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