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Mídia

Plataformas demoram a agir contra mentiras bolsonaristas nas redes e fazem estratégia da farsa ‘compensar’

Apesar de TSE mandar redes como Facebook, Twitter e TikTok retirar mentiras do ar, demora permite que informações falsas se espalhem

Jair Bolsonaro (Foto: REUTERS/Ueslei Marcelino | Reprodução)
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Rede Brasil Atual - Ataques, fake news e mentiras de bolsonaristas se intensificam conforme se aproximam as eleições de outubro. A Justiça Eleitoral, com frequência, tem exigido que as fake news sejam retiradas do ar. Contudo, até que os magistrados analisem os processos e determinem o cumprimento da lei, a desinformação já atingiu um grande público. De sua parte, e de maneira irresponsável, as redes protelam e pouco fazem para sanar efetivamente o problema.

Ontem (4), o ministro Paulo de Tarso Sanseverino, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), determinou às plataformas Twitter, Facebook e TikTok a retirada de um vídeo divulgado semana passada. Nele, um youtuber afirmava que o endereço do instituto Ipec era o mesmo do Instituto Lula. Sanseverino ressaltou que, mesmo com a decisão, o vídeo já havia provocado estrago suficiente depois de quatro dias de circulação. Houve até apoiadores do presidente que se dirigiram à sede do Instituto, em São Paulo, Lula, para “tirar satisfações” e atacar a “fraude”, num episódio que, no limite, poderia ter tido um desfecho trágico.

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Arrependimento?

“O perigo na demora da prestação jurisdicional também foi suficientemente demonstrado pois, como afirmado à inicial, as publicações que contêm informações inverídicas estão sendo postadas no período crítico do processo eleitoral, em perfil com alto número de seguidores e gerando um alto número de visualizações, o que possibilita, em tese, a ocorrência de repercussão negativa de difícil reparação para a imagem do candidato (Lula)”, disse o ministro em sua sentença.

O youtuber em questão é Gustavo Gayer, candidato a deputado federal pelo PL, partido de Bolsonaro. “Isso não é brincadeira, eu não estou exagerando. Tá aqui”, afirma. A argumentação do vídeo mentiroso é de que as pesquisas de intenções de voto que posicionam o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como favorito para assumir o Planalto a partir de janeiro seriam falsas. E chama a sua mentira de “resultado de investigação.”

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O próprio Gayer chegou a publicar um vídeo de retratação. “Errei e é por isso que 10 minutos depois que eu gravei o vídeo, quando vi que tinha errado, deletei o vídeo. Mas não achei que era o bastante ainda, por isso estou aqui fazendo minha retratação. Tento sempre ser leal aos fatos, quando erro, vou admitir”, declarou. Na realidade, a retratação foi vista como farsa pela campanha petista. Desse modo, o vídeo mentiroso seguiu sendo compartilhado por bolsonaristas. Ou seja, como Gayer mesmo “previu”, sua errata não foi o suficiente. O primeiro vídeo passou a circular com intensidade em redes como Facebook e TikTok, que nada fizeram pela sua retirada, mesmo após alertadas, inclusive pela própria campanha de Lula.

Farsa como estratégia

Levantamento da empresa de medição de audiência SimilarWeb atesta o poder da desinformação das redes bolsonaristas. Apenas em julho, sites ligados ao bolsonarismo receberam 48,2 milhões de visitas. O conteúdo destas páginas são frequentemente de ataques e fake news contra qualquer posicionamento contrário ao dos bolsonaristas. Eles são divulgados nas redes do próprio presidente e de apoiadores de seu núcleo próximo, como de seus filhos políticos.

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Trata-se de um alcance robusto, maior do que veículos da imprensa alternativa, e maior mesmo do que o número de acessos da mídia comercial. No mesmo período, por exemplo, o jornal O Estado de S. Paulo recebeu 21,85 milhões de acessos. Outro portal, exclusivo em ambiente digital, o Poder 360, registrou 7,24 milhões de acessos.

A pesquisadora mestre em História Econômica pela USP Camila Alvarez Djurovic lembra, em artigo publicado ainda em 2020, que o bolsonarismo se apropria da farsa como método para chegar e se manter no poder. “Um inquérito conduzido pelo STF revelou a existência de um grupo de empresários autodenominado Brasil 200 Empresarial, no qual os participantes colaborariam entre si para ‘impulsionar vídeos e materiais contendo ofensas e notícias falsas com o objetivo de desestabilizar as instituições democráticas e a independência dos poderes'”, lembrou.

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“Mesmíssimo aparato em 2018”

“É sabido e notório que o mesmíssimo aparato foi fator decisivo para as eleições de 2018, apesar de nenhuma objeção ter sido feita na ocasião por nenhuma das ‘instituições democráticas’. Agora que o golpismo bolsonarista se revela cada vez menos um discurso e mais uma ação concreta, elas parecem finalmente acordar para combater o monstro que ajudaram a alimentar”, completa Camila.

Diante do cenário de prevaricação das redes sociais e da lentidão típica das instituições democráticas, a campanha de Lula tenta ser proativa. Ao prever que a máquina de desinformação bolsonarista atuaria com afinco, a campanha lidera iniciativas de denúncia de conteúdos falsos, entre outras estratégias de neutralização das mentiras. “No processo eleitoral, pode haver muitas mentiras. E nós vamos ter que ter muita gente contando a verdade, contrapondo essas mentiras. E vão ter muitas pessoas falando sobre o ódio. Para combater o ódio, nós temos que falar sobre o amor, sobre tranquilidade, sobre solidariedade, sobre a harmonia, sobre a família”, afirma o diretor do Instituto Lula, Paulo Okamotto.

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