O uso de antidepressivos na gestação não prejudica o futuro neurodesenvolvimento comportamental ou cognitivo dos bebês. A conclusão, que contradiz diversos trabalhos publicados nas últimas décadas, é de um estudo publicado recentemente na revista científica JAMA Internal Medicine.
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Um grupo de pesquisadores americanos, liderados por Harvard, analisaram dados de 145 mil mulheres e seus filhos nos Estados Unidos, que foram acompanhados por até 14 anos. Os resultados mostraram que o uso de antidepressivos durante a gravidez não está associado a autismo, transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), distúrbios comportamentais, desenvolvimento da fala, linguagem, distúrbios de aprendizagem e coordenação ou deficiências intelectuais.
Para Carmine Pariante, professora de psiquiatria biológica do Instituto de Psiquiatria, Psicologia e Neurociência do King's College London, no Reino Unido, que não participou do estudo, esse resultado é importante porque muitas mulheres interrompem repentinamente o uso desses medicamentos assim que descobrem a gestação, por medo dos danos que eles podem causar ao feto.
Em vez disso, as mulheres com depressão e outras condições mentais para as quais os antidepressivos são prescritos devem ser informadas de que o risco “não é tão alto quanto se pensava anteriormente”.
Estima-se que uma em cada cinco mulheres no período perinatal experimentará uma condição de saúde mental. Se não tratado, o quadro pode evoluir para depressão pós-natal e consequências mais graves, que prejudicam não apenas a mãe, mas também a criança. Pesquisas mostram aumento no risco de natimortos, parto prematuro, restrição de crescimento e problemas de peso ao nascer, prejuízo no vínculo mãe-bebê, resultados adversos no desenvolvimento neurológico e aumento do risco de saúde mental na crianças.
As pesquisas mais antigas, que associaram os antidepressivos a problemas de neurodesenvolvimento infantil, além de apresentarem algumas falhas metodológicas, não consideraram o impacto para o feto de uma mãe com algum transtorno psiquiátrico descontrolado.
Por outro lado, os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC), afirmam que um pequeno número de antidepressivos está associado ao aumento do risco de defeitos de nascença. Por isso, a recomendação é que grávidas conversem com seu médico sobre o uso desse e qualquer outro medicamento.