Saúde
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Por Letícia Messias e Rayane Rocha — Rio de Janeiro

O primeiro paciente no mundo a passar por um transplante de intestino em assistolia foi um bebê de 13 meses. A pequena Emma recebeu o órgão de um doador morto por parada cardíaca no Hospital Universitário de La Paz, em Madri, e já está em casa com os pais. Ela sofria de uma insuficiência intestinal que foi diagnosticada desde o seu primeiro mês de vida. Antes da cirurgia, o estado de saúde da menina era grave.

— Por uma doença, o intestino dela não era capaz de absorver a energia e os alimentos necessários para crescer e viver normalmente — disse Esther Ramos, chefe da Unidade de Reabilitação de Transplante Intestinal.

A "assistolia" é a doação de órgãos e tecidos provenientes de uma pessoa diagnosticada morta após a confirmação da cessação irreversível das funções cardiorrespiratórias (ausência de batimentos cardíacos e respiração espontânea). Nessas situações, os órgãos são preservados por meio de um sistema de oxigenação extracorpórea, de acordo com o médico cirurgião Lúcio Pacheco, membro da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO).

De acordo com as autoridades de saúde de Madrid, esta nova técnica "possibilita a utilização de órgãos sólidos que, de outra forma, seriam perdidos". Isso possibilita a incorporação de mais doações pediátricas, já que inclui na lista de potenciais doadores pessoas que talvez não tenham a morte encefálica confirmada, mas que, se retirados do ventilador de forma controlada, podem doar seus órgãos.

Ou seja, a possibilidade de doação dentro dos cuidados de fim de vida de alguns pacientes é contemplada. Antes desta cirurgia, a doação assistólica nunca havia sido feita, uma vez que era considerada inválida. A operação de Emma foi realizada pela equipe do doutor Francisco Hernández Oliveros, que é chefe da Seção de Cirurgia Pediátrica do hospital, e foi anunciada nesta terça-feira em uma entrevista coletiva feita pelo Ministro da Saúde de Madri, Enrique Ruiz Escudero.

— Gostaríamos de agradecer à família do doador e a todos que salvaram as vidas de nós três — disse o pai da menina, Daniel, em entrevista coletiva. Já a mãe de Emma, Ana, reforçou que os dois estavam felizes e agradecidos.

A técnica permite que os órgãos sejam preservados no momento da morte com a perfusão de sangue oxigenado por todo o corpo, realizado por meio do sistema de Oxigenação por Membrana Extracorpórea (ECMO). Desse modo, o órgão a ser transplantado não se deteriora.

Transplantes de intestino já acontecem desde a década de 1970, segundo a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO). A novidade é a técnica usada. A Espanha tem se especializado nisso, de acordo com o médico cirurgião Lúcio Pacheco, membro da ABTO. O sistema de saúde do país realiza as operações mesmo após a parada cardiorespiratória, diferentemente de outros lugares. Isso porque entende-se que, quando o coração do doador para de bater, as cirurgias ficam inviáveis.

Em La Paz, a doação em baixa frequência cardíaca foi usada em adultos pela primeira vez em 2014 e, em crianças, em setembro de 2021. Até agora, já foram feitos 147 transplantes, sendo 12 pediátricos. Ao todo, cerca de 30% dos candidatos que estão na lista de espera morrem antes de receber o novo órgão.

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