Organizações que representam mais de 350 milhões de agricultores familiares e pequenos produtores rurais publicaram, nesta segunda-feira (7), uma carta aberta aos líderes mundiais que participam da COP27, no Egito, alertando que a segurança alimentar global está em risco se os governos não aumentarem o financiamento de adaptação para a produção em pequena escala. A segurança alimentar mundial, junto com o financiamento das medidas contra as mudanças climáticas, são alguns dos principais temas da Cúpula do Clima da ONU.
A carta adverte que o “sistema alimentar global está mal equipado para lidar com os impactos das mudanças climáticas, mesmo se limitarmos o aquecimento global a 1,5 °C” e diz que “construir um sistema alimentar que possa alimentar o mundo em um planeta quente” deve ser uma prioridade da COP27.
Mais de 70 organizações assinaram a carta, incluindo o Fórum Rural Mundial, que representa 35 milhões de agricultores familiares em cinco continentes, a Alliance for Food Sovereignty in Africa, que representa 200 milhões de pequenos produtores no continente, a Associação de Agricultores Asiáticos para o Desenvolvimento Sustentável com 13 milhões de membros e a Coordinadora de Mujeres Líderes Territoriales de Mesoamérica na América Latina.
Os pequenos produtores são responsáveis por até 80% dos alimentos consumidos em regiões como a Ásia e a África Subsaariana. No entanto, eles representaram apenas 1,7% dos fluxos de financiamento climático em 2018. Embora ainda não haja uma escassez global de alimentos, secas extremas, inundações e ondas de calor prejudicaram as colheitas em todo o mundo e os cientistas alertam para o aumento do risco de impactos nas colheitas nos principais celeiros do mundo.
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O avanço no financiamento é a chave para o sucesso na COP27 e os pequenos produtores rurais representados pelas organizações signatárias da carta querem um lugar à mesa para negociar.
“Os produtores em nossas redes alimentam milhões de pessoas e sustentam centenas de milhares de empregos, mas chegaram a um ponto de ruptura. É preciso haver um grande impulso no financiamento climático para garantir que os produtores de pequena escala tenham as informações, os recursos e o treinamento necessários para continuar alimentando o mundo pelas próximas gerações”, disse Elizabeth Nsimadala, presidente da Federação de Agricultores da África Oriental.
“A alimentação e a agricultura foram deixadas de lado nas negociações climáticas e as preocupações dos pequenos produtores foram ignoradas. Os agricultores familiares de pequena escala precisam de um lugar à mesa e uma palavra a dizer nas decisões que nos afetam”, disse Laura Lorenzo, diretora do Fórum Rural Mundial.