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Mundo

Em discurso anual ao Congresso, Joe Biden destaca agenda progressista, ataca a Rússia e manda recado à China

O democrata falou sobre taxação de grandes fortunas, custo de medicamentos e direitos reprodutivos, mas também culpou Vladimir Putin pela crise econômica internacional

(Foto: Global Times/ foto oficial/reprodução)
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Pedro Paiva, de Washington, para o Brasil 247 – O State of the Union é o discurso mais esperado do ano na política americana: trata-se de um balanço, apresentado pelo presidente, dos últimos 12 meses de governo, assim como uma prévia do que vem adiante. Joe Biden entrou no Capitólio na noite de terça-feira como uma grande incógnita. O democrata falaria ao Congresso como um presidente que busca unidade para tirar do papel promessas importantes de campanha ou como um candidato que busca se diferenciar visando a eleição de 2024? Foi um pouco dos dois.

Atrás do púlpito de Biden, como de costume, se sentaram Kamala Harris, a vice-presidente dos Estados Unidos, e Kevin McCarthy, o speaker of the house - ou presidente da Câmara. Diferentemente do State of the Union do ano passado, a mesa não contou apenas com democratas, visto a vitória, ainda que apertada, dos republicanos na eleição de meio de mandato do ano passado. Sem o controle das duas casas legislativas, Biden precisa do apoio de membros da oposição para passar legislações e conseguir governar durante os próximos dois anos. Com tom bem humorado, Biden agradeceu e parabenizou McCarthy: “Eu não quero arruinar sua reputação, mas estou ansioso para trabalhar em conjunto com você”, disse o presidente arrancando risadas de ambos os lados do plenário. Durante todo o discurso, o presidente também citou diversas leis que foram aprovadas com o apoio de membros de ambos os partidos, como foi o caso da Infrastructure Law que visa injetar dinheiro na economia americana e modernizar a infraestrutura do país.

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As pesquisas de opinião mais recentes não são vantajosas para Biden. Segundo um levantamento da ABC com o Washington Post, 41% dos americanos acreditam estar hoje em uma situação financeira pior do que há 2 anos atrás. Segundo o mesmo estudo, apenas 16% acreditam estar em melhor condição. E foi exatamente a economia o tema mais abordado pelo presidente. Muito criticado por aliados e comentaristas políticos por pouco propagandear as vitórias do governo, Joe Biden lembrou que o país atingiu o menor índice de desemprego dos últimos 50 anos (3,4%), que a inflação dos alimentos caiu, assim como o preço dos combustíveis, e que apenas no ano passado 10 milhões de americanos abriram novos negócios - um número recorde.

Mas a tranquilidade e as risadas logo deram espaço às divergências. Um tema que ocupa hoje as principais manchetes do país fez o clima do plenário esquentar: o teto de endividamento. Os Estados Unidos estão chegando ao limite estipulado pela lei de quanta dívida o país pode contrair. A Casa Branca quer que o Congresso aumente esse limite, e Biden lembrou, visto a resistência dos republicanos, que o mesmo aconteceu durante o governo de Donald Trump. O presidente ressaltou que o não aumento do teto poderia conduzir o país a um desastre econômico e alfinetou a oposição afirmando que não cederá a pressões para tirar financiamento da Seguridade Social e de programas sociais, como o Medicare. Ao afirmar que alguns republicanos querem tirar dinheiro da Seguridade Social, Biden recebeu vaias. Taylor Greene, trumpista da Geórgia e representante da extrema-direita, gritou repetidas vezes: “mentiroso!”. “Eu acredito em conversão, eu realmente acredito”, disse Biden rindo em resposta.

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Pauta progressista

E as divergências não pararam por aí. Em um tom menos conciliador, e com uma postura mais de candidato, Joe Biden tratou de temas que agradam a base mais progressista do Partido Democrata. Falando de meio ambiente, Biden afirmou que as mudanças climáticas são um perigo existencial que atingirá estados vermelhos e azuis, em referência às cores dos partidos que alternam o poder no país. O democrata afirmou que o país ainda precisará de petróleo durante os próximos 10 anos, arrancando risadas sarcásticas dos republicanos. Biden defendeu que o Congresso aprove uma lei para garantir o direito ao aborto a nível federal tal qual fez em relação ao matrimônio igualitário e afirmou que qualquer proibição federal seria vetada por ele. A maior polêmica, porém, foi a respeito da taxação de grandes fortunas. O presidente garantiu que ninguém ganhando até $400.000 por ano teria aumento de impostos, mas que os super-ricos deveriam pagar mais: “Eu sou um capitalista, mas paguem o que é justo!”, disse. Sem aplausos do lado republicano e provocando torcidas de nariz em Kevin McCarthy, Biden disse ser um absurdo professores e bombeiros pagarem mais impostos do que bilionários.

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O presidente ainda tratou de forma breve de assuntos internacionais. Com a presença da embaixadora ucraniana na platéia, Biden condenou o que classificou como a invasão russa ao país e culpou Putin pelas consequências econômicas mundiais. Ao falar da China, afirmou que quer trabalhar junto ao país, mas alertou: “Se a China ameaçar a nossa soberania, nós vamos agir”, disse fazendo referência ao suposto balão espião abatido nesta semana pelo exército americano.

Com uma duração de 1 hora e 13 minutos, Biden falou mais que Obama em todos os seus discursos ao Congresso. O presidente mostrou força e deixou nítido seu interesse em disputar a reeleição em 2024. Na sexta-feira, o presidente americano vai se encontrar com o presidente Lula na Casa Branca e dentre os temas do encontro está a democracia. Dado o pontapé inicial do projeto de reeleição do democrata, o debate servirá também para relembrar o país dos ataques do 6 de janeiro de 2021 em Washington e do 8 de janeiro de 2023 em Brasília, e das consequências da ascensão da extrema-direita e seus riscos ao sistema democrático.

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