Do OCASO à AURORA nas Organizações

Do OCASO à AURORA nas Organizações

Do OCASO à AURORA nas Organizações

1477 625 Hugo Gonçalves

Do OCASO à AURORA nas Organizações

Se percorreres a A-57, uma autoestrada que ladeia um dos vários montes abrigam a cidade de Vigo, viajando ao fim do dia e na direção da ria, terás oportunidade de contemplar um dos mais encantadores pôr do sol que já tive oportunidade de assistir.

Os últimos raios de sol espraiam-se nas águas tranquilas da ria. Ao mesmo tempo que iluminam de forma ténue a costa de Cangas e arredores (onde aliás estão serenamente escondidas algumas das mais belas praias e trilhos que tive oportunidade de visitar e percorrer) e definem os contornos das ilhas Cíes, outro lugar fabuloso.

Chegando a Samil, praia nos arredores de Vigo, tens a oportunidade de vivenciar a mistura de tons de azul e dourado que o sol e a água constroem. Percorres a pé a marginal pedonal despretensiosa, que ladeia a praia e com traços da Riviera, ou caminhas pela areia conseguindo observar com mais detalhe as Cíes, as praias da zona de Cangas e todo o enquadramento que o Ocaso cria nesse momento do dia.

Houve uma altura em que trabalhei regularmente em alguns projetos na zona de Vigo. O que te descrevo era basicamente o meu fim de dia (e confesso que ainda fazia uma praia e dava uns mergulhos) ?

Toda esta experiência permitia-me por um lado libertar-me do desgaste e intensidade do dia de trabalho. Ao mesmo tempo que revia o que foi fixe e menos bem, refletia sobre assuntos importantes, e tomava algumas decisões. Mas isto acontecia de uma forma tão presente, tão relaxada, tão integral que apenas experienciava o processo.

Para mim o Pôr do Sol ou Ocaso é a altura das lições aprendidas, da gratidão do que correu bem, da decisão do que tem que ir. Um dia alguém me disse que no Ocaso fazemos pequenas limpezas e mortes “metafóricas”. Para podermos arranjar espaço para no dia seguinte termos novas ideias, possibilidades e focos.

Vamos agora para a Cantareira, Lordelo do Ouro e Alfândega, zonas ribeirinhas aqui no Porto onde “apanhas” com o nascer do sol ou Aurora. Com um cenário aberto pela proximidade do rio, uma luz ainda mais fabulosa quando os primeiros raios de sol se misturam com a neblina matinal e onde se consegue escutar pássaros, barcos de pesca, as ondas do rio (e claro alguns carros). ?

Muitas vezes antes de ir para o escritório (os que me conhecem melhor sabem o real significado da palavra) dou uma caminhada por essa zona. 

O que acontece é que pequenas coisas novas nascem nesse percurso – ideias, possibilidades, novas soluções para algo que me está a atazanar. Funciona como uma meditação ativa onde o ar fresco e o sol potenciam a criatividade, noção do que é importante realizar naquele dia e mentalmente construir cenários e os pontos chave para os mesmos.

Sinto essas manhãs como sendo pequenos nascimentos. Uma altura onde o espaço que foi libertado no Ocaso deseja ser preenchido por algo que se tornou mais importante, para mim, para as minhas atividades e para o contexto.

Acredito plenamente que este circuito do Ocaso à Aurora é que define o sucesso do nosso Dia-a-Dia nas Organizações.

Porque de alguma forma, como Líderes, Gestores e Profissionais temos que alternar entre os Papéis de Estratega e Artesãos (Ocaso e Aurora) e o de Soldados (Implementar e Responder ao Dia-a-Dia). 

E para isso poder ter reais impactos nas Pessoas da tua Organização e por consequência nos teus Clientes, o espaço onde isso acontece não pode ser apenas conceptual ou aleatório. 

Primeiro porque se for conceptual, não irá ser potenciado com a parte sensorial, do caminhar, o estar em contacto com os elementos, do escrever.

E porque estas atividades de estrategas e artesãos devem também ser cocriadas com as nossas várias formas de pensar (exemplo dos Six Thinking Hats) a nível individual ou em equipa, para conseguirmos potenciar estes momentos através da exploração – expressar e manifestar o que vemos, e do feedback – escutar com curiosidade e abertura a forma como os outros interpretam o assunto em causa e como veem as soluções. Para os Líderes, Gestores, Profissionais e Organizações, infelizmente são raros os Ocasos e Auroras regulares e deliberados.

Sensemaking – Observar o que se passa nos ecossistemas Profissionais e Organizacionais

Para mim um Ocaso Organizacional é fazer a avaliação a 720º (360º interno e 360º externo) do que está a acontecer, o que está a funcionar ou não. 

É recolher informação, dados, perceções sobre como as coisas estão a correr. É avaliar as lições aprendidas num projeto, atividade, processo, reclamação ou implementação e realizar três processos – decidir o que não funciona e vai cair, responder com ações de ajuste e reorientação, documentar essas lições aprendidas.

Tudo isto em conjunto, com todos os que participam nesta cadeia de valor, no sentido de a tornar mais eficaz do que propriamente eficiente.

A Aurora Organizacional, vejo-a mais como a inovação, o imaginar o que podemos fazer de diferente, captar o que é que as Pessoas e o Mundo necessitam e como os nossos talentos, experiência, conhecimento e paixão pode contribuir para isso, através de produtos, serviços, iniciativas. 

É definir o que podem ser caminhos, cenários, opções para poder surfar a impermanência e a falta de visibilidade, linearidade e compreensão lógica sobre o que acontece com as tendências, as necessidades, receios e aspirações das Pessoas. 

É onde a renovação é desenhada, porque tivemos oportunidade no Ocaso de arranjar espaço, aprendizagens, novos focos sobre o que é importante. Abrimos as nossas caves ou sótãos profissionais e organizacionais para a luz que vem do exterior.

E, como referi há pouco, são nestes dois momentos organizacionais que é definido o sucesso do Dia-a-Dia, da nossa atuação como soldados, homens e mulheres no terreno que independentemente da sua hierarquia nas Organizações executam, reagem, dão resposta, entregam valor, recebem feedback.

Estes três momentos – Ocaso, Aurora, Dia-a-Dia, exigem competências e inteligências múltiplas

As competências necessárias para se criar as coisas são diferentes daquelas que potenciam a execução, que por sua vez são díspares daquelas que utilizamos para vender ou influenciar

Acho que esta fase por si só define a importância das equipas multidisciplinares que devem estar presentes neste “sunsets” e “sunrises” ?, premissa que pessoalmente é inegociável quando trabalho.

Organizacionalmente e no Mundo do Trabalho, considero que neste momento é mais arriscado, ou assim é percecionado, sermos estrategas e artesãos no Ocaso e na Aurora.

Porquê?

Porque o dia-a-dia está balizado por sistemas, processos, KPIs, procedimentos, sistemas de informação, trabalho standard e boas práticas. O que de uma forma ou outra potencia muito mais a eficiência e a otimização de recursos, do que propriamente a eficácia e a agilidade. 

Nesse sentido, é relativamente fácil termos uma boa performance, independentemente do nosso grau de empenho e motivação. 

No Ocaso e na Aurora, as coisas já piam mais fino. Porque impactarmos estes dois momentos implica que nós, como Pessoas e Profissionais, tenhamos que arriscar a pele no seio das nossa Organizações.

Em modo Estrategas e Artesãos, colocamos também a nossa alma, aspirações pessoais e profissionais em jogo. 

Conseguimos navegar na arte e no negócio. Na criação e na entrega. No criar Impactos e Soluções para as Pessoas ao mesmo tempo que desejamos um lucro com propósito e/ou reconhecimento e recompensas financeiras. 

Porque estando nós neste comprimento de onda, desejamos encontrar as melhores soluções para todos, porque a tua alma profissional deseja que a qualidade e impacto sejam os melhores. Não aceitas menos do que isso. E esse compromisso interno fica visível para os outros. Teremos que responder por ele. Logo, arriscamos a pele.

Tudo isto que partilho implica Fazer. Observar não basta, aprender não basta, ler não basta. A melhor coisa que podes fazer do que lês aqui no blog, do que trabalhas num workshop e aprendes numa formação é trazer aquilo que te criou mais impacto para as ações, rotinas e hábitos do teu dia-a-dia.

Então o meu desafio é que imagines que momentos regulares e deliberados de Ocaso e/ou Aurora, individuais e em equipa, podes introduzir nas tuas vivências profissionais.

E assim podermos ter, quem sabe, um dia-dia mais presente, produtivo, equilibrado no nosso Trabalho e Organizações, Connosco e com os Outros.

Ocaso, Aurora e Dia-a-Dia, alinhados, síncronos e fluídos no nosso Trabalho e nas nossas Organizações.

Que belo dia seria, não? ?


Obrigado, Abraço e Cuida-te

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