Wu-Wei, os nossos 3 Cérebros e a Great Resignation (Parte 2)

Wu-Wei, os nossos 3 Cérebros e a Great Resignation (Parte 2)

Wu-Wei, os nossos 3 Cérebros e a Great Resignation (Parte 2)

700 265 Hugo Gonçalves

O desenho da minha escola ideal do futuro baseia-se em duas hipóteses: a primeira é que nem todos têm os mesmos interesses e habilidades; nem todos aprendemos da mesma maneira. A segunda hipótese pode doer: é que nestes dias ninguém pode aprender tudo o que há para aprender

Howard Gardner

Wu-Wei, os nossos 3 Cérebros e a Great Resignation (Parte 2)

Seguimos hoje com a segunda parte do artigo sobre o impacto do Wu-Wei, dos nossos 3 cérebros e da dispução profissional e corporativa denominada de “Great Resignation” que aí vem. 

A primeira parte do artigo podes encontrar aqui.

Apesar de existir uma abundância enorme de modelos de desenvolvimento das Pessoas num contexto organizacional – Liderança, Gestão, Comunicação, Produtividade, etc. – ainda existem muito desafios associados à forma como as Pessoas e Organizações interagem mutuamente e como isso impacta os Clientes e Utilizadores, a saber:

  • Alinhamento, Compromisso e Accountability dos Colaboradores;
  • Execução da Estratégia;
  • Atrair e reter as Pessoas, não apenas o seu talento, mas a sua oferta completa – confiança, compromisso, experiência, competências, capacitação;
  • Cultivar uma cultura de performance com propósito e equilíbrio;
  • Manter uma relevância de marca e entregar, através de produtos e serviços, as melhores soluções e impactos às pessoas e sociedade:

Já todos sabemos que isto não anda fácil e dinâmico.

Algo muito catita (estou a utilizar de forma deliberada o meu otimismo realista ?) é que estamos a viver todas estas transformações do mundo líquido com uma velocidade que é manifestamente inferior àquela que será a velocidade de disrupção que irá marcar o ritmo dos nossos próximos tempos, como líderes, gestores e profissionais.

“Tempos complexos requerem profissionais completos, também na sua complexidade” foi uma frase que li outro dia e que me chamou a atenção pela sua verdade e paradoxo.

O ecossistema caótico de complexidade pessoal, moral, económica, civilizacional das Pessoa e do Mundo atuais implica que tenhamos que aceder a outros recursos e “armas secretas” que estão em nós, mas não devidamente percecionadas como relevantes para o mundo da integração evolutiva de Pessoas e Negócios.

Necessitamos de uma nova Engenharia Organizacional e esta é a forma como a vejo ser implementada com as Pessoas, nas Organizações.

As armas secretas de que falo são o Cérebro, Coração e Intestinos como sendo uma rede de inteligências humanas múltiplas, cada uma com o seu papel. Sim, temos 3 cérebros! ?

Vamos dar alguns segundos para poderes revirares os olhos, sentir curiosidade, sair da tua estupefação, ou outro tipo de reação que esta afirmação causou. ?

Ok, então agora permite-me partilhar o que raio têm a ver estes órgãos com Pessoas e Organizações. Pode ser? ?

A neurociência (nos últimos anos) e as filosofias de desenvolvimento e evolução pessoal (como o budismo, taoísmo, xintoísmo e ioga por exemplo, há milhares de anos) advogam que a nossa inteligência se manifesta não apenas pelo nosso cérebro, mas também através do nosso coração (amor e emoções) e através dos nossos intestinos (intuição, individualidade, segurança). Cada um destes “órgãos sencientes” possuem neurónios, gânglios e neurotransmissores próprios. Possuem a capacidade de recolher, processar, armazenar, enviar e utilizar informação e sinais sempre que necessário.

Aqui está uma forma mais concreta de manifestação dos 3 Cérebros:

O cérebro está bem equipado para interpretar os vários sinais e estímulos, processar informação, fazer sentido do que nos rodeia e identificar padrões e conexões lógicas e daí tomar decisões e materializar a Criatividade.

O coração é craque na habilidade de identificar e processar emoções, sensações e sentimentos, reconhecer os nossos valores e aspirações, é uma fonte de paixão e de Compaixão.

E os intestinos ou o sistema nervoso entérico estão desenhados para termos a nossa auto perceção de Ser, de preservação. É onde a energia da Coragem está instalada.

A imensa maioria dos líderes, gestores e profissionais estão neste momento a lidar com uma batalha algo inglória.

Pois as Pessoas e o Mundo estão a pedir simultaneamente a ti, às tuas equipas, pares, líderes, organização, processos, produtos e serviços uma “pequena lista” – Impactos e Soluções, Coragem, Criatividade, Empatia, Bom Senso, Curiosidade, Saber Interpretar Informação Explícita e Implícita e Escolher Bem. 

E normalmente estamos a tentar fazer isto apenas com o cérebro, dados, lógica, análises. Instintos e Emoções normalmente costumam ser “competências non gratas” nas Organizações, por muito que se diga e promova o contrário.


FUNÇÕES PRIMÁRIAS CORAÇÃO (INDIVIDUAL)

  • Processamento emocional (por exemplo, raiva, dor, ódio, alegria, felicidade);
  • Valores – processando o que é importante para Ti e as tuas prioridades (e a sua relação com a força emocional das tuas aspirações, sonhos, desejos, etc.);
  • Efeito relacional – a ligação sentida com os outros (por exemplo, sentimentos de amor/ódio/indiferença, etc.).

FUNÇÕES PRIMÁRIAS INTESTINOS (INDIVIDUAL)

  • Identidade central – um profundo e visceral sentido de ti mesmo, e determinando nos níveis mais profundos o que é ‘eu’ versus ‘não-eu’;
  • Auto-preservação – proteção de ti mesmo, segurança, fronteiras, necessidades e aversão;
  • Mobilização – mobilidade, impulso de ação, atitude de coragem;

FUNÇÕES PRIMÁRIAS CÉREBRO (INDIVIDUAL)

  • Perceção cognitiva – cognição, perceção, reconhecimento de padrões, etc.;
  • Pensamento – raciocínio, abstração, análise, síntese, metacognição, etc.
  • Fazer sentido – processamento semântico, linguagem, narrativa, metáfora, etc.

COMO SE MANIFESTAM ENTÃO ESTES 3 CÉREBROS – FONTES DE INTELIGÊNCIA E SABEDORIA – NUM CONTEXTO DE ORGANIZAÇÕES E LÍDERES, PROFISSIONAIS E AGENTES DE MUDANÇA?

 

CORAÇÃO

  • Equilíbrio entre as Necessidades das Pessoas e do Negócio;
  • Criação de Confiança e Transparência;
  • Criação de um Ecossistema de verdadeiro Compromisso e Alinhamento;
  • Reconhecer e Priorizar o que realmente é Importante.

CÉREBRO

  • Repensar e Recriar como as coisas podem ser feitas;
  • Reformular fronteiras e âmbitos quando necessário;
  • Curiosidade e Sensemaking do que se está a passar em formato 720º (interno e externo);
  • Estratégia e Curto-Prazo são imaginados e cocriados de forma simultânea;
  • Inspiração e Mimetismo – Onde estão as novas ideias dentro e fora da organização?

INTESTINO

  • Abraçar os Riscos e principalmente Oportunidades dos dados incompletos;
  • Equilibrar Risco e Recompensa;
  • Ser rigoroso na Integridade do que é importante e encontrar as formas de isso se manifestar na complexidade e dificuldade;
  • Tenacidade e abordagem “furão” no Caminho e Processo, menos foco nas metas e objetivos;
  • Tomar decisões baseadas naquilo que é Importante e Verdadeiro.

 

 

PORQUÊ OS 3 CÉREBROS PARA PESSOAS E ORGANIZAÇÕES?

Por definição, durante a transformação e mudança, as velhas formas de fazer as coisas e mesmo as velhas formas de pensar já não são viáveis. Não há respostas claras, ou há múltiplas respostas a serem ponderadas. A produtividade e a qualidade estão a ser atingidas. A dinâmica de energia está a mudar. 

A importância disto para ti como PROFISSIONAL é dupla. 

Primeiro, é crucial sempre que se tomar decisões pessoais ou em grupo que as três inteligências sejam acedidas e incorporadas no processo de tomada de decisão.

Grant Soosalu e Marvin Oka indicam que:

“Sem inteligência do coração, não haverá energia emocional suficiente para se preocupar o suficiente para agir ou priorizar a decisão contra pressões concorrentes […] Sem a inteligência do cérebro, a decisão não terá sido devidamente ponderada e analisada. […] Sem inteligência dos intestinos não haverá atenção suficiente para gerir riscos nem força de vontade suficiente para mobilizar e executar a decisão assim que surgirem os desafios.”

Segundo, é importante garantir que evites usar um cérebro para fazer a função de outro. Cada cérebro tem o seu próprio domínio de competência e, por definição, não é o mais competente nas outras funções.

Este erro pode ser tipicamente visto em organizações onde o cérebro da “cabeça” é usado para definir os valores corporativos com os quais o cérebro do “coração” das pessoas realmente não se importa, ou o cérebro da cabeça é usado para desenhar planos de ação com os quais o cérebro “intestinal” das pessoas realmente não se envolve. Caramba, e não que isto é mesmo assim? ?

Tudo isto implica conhecermo-nos a nós e aquilo que é mais inato ou importante para o contexto, objetivos, funções, desafios e oportunidades com que nos deparamos.

Eu gosto muito da tabela periódica das forças de caráter do VIA Institute (se quiseres existe um survey gratuito, mas com registo obrigatório), pois olho para elas e parecem-me ser basicamente manifestações e estratégias que resultam da combinação do trabalho conjunto entre Cérebro, Coração e Intestinos.

São trampolins de Sabedoria Generativa! ?

Pois esta sabedoria está inculcada em comportamentos, critérios de decisão, respostas, formas de comunicar, a forma como trabalhamos e nos colocamos no lugar dos clientes e colegas. E isso gera novas possibilidades!

E tudo o que é novo implica Coragem para abraçar e Compaixão para aguentar as tempestades enquanto não chega a bonança.

Então, Sabedoria Generativa é basicamente uma espiral controlada da forma como existe Evolução em Quem Somos, como Fazemos as Coisas, sobre como Vemos o Mundo e Agimos sobre este. 

É sobre manifestar o nosso melhor através do pragmatismo das pequenas e grandes ações do dia-a-dia. Que sorte, isto parece-me mesmo aquilo que as Pessoas e Organizações precisam para sincronizar os seus talentos com este mundo líquido, disruptivo e incompreensível! ?

Se isto te faz sentido, então aqui ficam algumas perguntas de auto-entalanço: ?

  1. Quando foi que escutaste os teus três cérebros?
  2. Quando é que o vais fazer?
  3. Como é que o vais fazer?

Na terceira parte deste artigo (prometo que será a última) ? irei partilhar de que forma se poderá manifestar a “Great Resignation” a nível profissional e corporativo, e qual o papel do Wu-Wei e destes três cérebros na calibração deste fenómeno com equilíbrio e propósito. 

Obrigado, Abraço e Cuida-te,

HUGO GONÇALVES

Executive Coach | Facilitator | Design Thinker for Organizations
https://www.linkedin.com/in/hgoncalves/     www.knowmad-ventures.com
hugo@knowmad-ventures.com 939747990


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