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Economia

Banco Central diz que pode voltar a aumentar juros, embora aponte cenário "menos provável"

Copom, comandado por Roberto Campos Neto, não sinalizou redução dos juros, mantidos em 13,75% ao ano

Roberto Campos Neto (Foto: Pedro França/Agência Senado)
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BRASÍLIA (Reuters) - O Banco Central decidiu nesta quarta-feira manter a Selic em 13,75% ao ano, sem sinalizar um possível corte futuro da taxa básica como tem sido cobrado pelo governo Lula, e reiterou que não hesitará em retomar o ciclo de aperto monetário se necessário, apesar de ponderar que um cenário de novos aumentos nos juros agora é “menos provável”.

"O Copom enfatiza que, apesar de ser um cenário menos provável, não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso o processo de desinflação não transcorra como esperado", informou o comunicado da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).

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Na primeira reunião do Copom após a formalização da proposta de arcabouço fiscal pelo governo Luiz Inácio Lula da Silva, o comunicado do BC afirmou que a apresentação da nova regra reduziu parte da incerteza, mas disse que em um cenário com processo mais lento de redução da inflação ainda é necessário atenção e paciência na condução da política monetária.

A autarquia manteve a simetria entre fatores que geram risco de baixa e de alta para a inflação, mantendo o fiscal entre os riscos de elevação dos preços.

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Mesmo com o arcabouço já apresentado pelo governo, o Copom afirmou que há incerteza sobre o desenho final da norma a ser aprovada pelo Congresso e, "de forma mais relevante para a condução da política monetária", seus impactos sobre as expectativas para a dívida pública e a inflação, e sobre os ativos de risco.

Após a decisão, analistas de mercado divergiram nas avaliações em relação ao tom do comunicado.

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"No balanço de riscos, afago no fiscal esperando o texto final aprovado pelo Congresso. Na condução da política monetária informou ser menos provável voltar a ajustar a taxa básica. Foi mais 'dove' do que eu esperava", disse Leonardo Costa, economista da ASA Investments.

Para Cristiane Quartaroli, economista do Banco Ourinvest, no entanto, o comunicado teve tom mais duro, reforçando que as expectativas para a inflação seguem acima da meta e que há incerteza sobre o arcabouço.

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"O tom realmente foi mais duro, sinalizando que a Selic deve permanecer nesse patamar no curto e médio prazo, pelo menos nos próximos meses", afirmou.

A opção pela manutenção da Selic ocorreu horas após o Banco Central dos Estados Unidos ter anunciado uma elevação em sua meta de juros em 0,25 ponto percentual, sinalizando uma possível pausa nos aumentos.

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EXPECTATIVAS

Embora os preços ao consumidor anualizados tenham esfriado nos últimos meses, atingindo 4,65% em março, as expectativas do mercado para a inflação pioraram desde a reunião de política monetária de março. No comunicado, porém, o BC disse que essa piora foi marginal e retirou o trecho em que enfatizava a piora das expectativas.

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O BC manteve suas projeções para os preços em relação à reunião de março. A autoridade monetária informou que, em seu cenário de referência, as estimativas para a inflação estão em 5,8% para 2023 e 3,6% em 2024, mesmos patamares previstos na reunião anterior.

As projeções foram mantidas apesar de a autoridade monetária contar com uma melhora no patamar do câmbio e um alívio no custo da energia elétrica com previsão de bandeira verde para as tarifas em 2023 e 2024, ante bandeira amarela na avaliação anterior.

O cenário de referência do BC leva em conta a trajetória para os juros sinalizada por analistas do mercado na pesquisa Focus --a qual tem apontado a expectativa de corte de juros a partir de setembro deste ano.

Em cenário alternativo, no qual o BC deixa a Selic constante ao longo de todo o horizonte relevante, a projeção da autarquia também foi mantida em 2023 (5,7%), e reduzida de 3,0% para 2,9% em 2024.

Apesar da estabilidade nas projeções, a autoridade monetária reafirmou que a inflação ao consumidor e a inflação subjacente (que desconsidera fatores de maior volatilidade) seguem acima do intervalo compatível com o cumprimento das metas.

Os alvos para a inflação estão estabelecidos em 3,25% neste ano e 3,00% em 2024 e 2025, em todos os casos com tolerância de 1,5 ponto para mais ou para menos.

A manutenção da Selic pela sexta reunião consecutiva --apesar de pressões do governo por cortes da taxa-- foi decidida por unanimidade pela diretoria do BC. A diretora Carolina de Assis Barros não participou do encontro por motivo de falecimento de um familiar.

A decisão do Copom veio em linha com a expectativa do mercado, de acordo com pesquisa Reuters, segundo a qual todos os 40 economistas consultados esperavam manutenção do patamar.

O presidente Lula vem pedindo repetidamente que os custos dos empréstimos fiquem mais baixos, argumentando que o atual patamar inviabiliza a tomada de empréstimos no país.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tem argumentado que o governo vem adotando medidas que abrem caminho para redução dos juros, como medidas anunciadas para ampliar a arrecadação e a proposta de arcabouço fiscal.

Em relação à economia brasileira, o BC manteve avaliação de que está havendo uma desaceleração conforme o esperado, "ainda que exibindo maior resiliência no mercado de trabalho".

Sobre o cenário externo, o comunicado disse que o ambiente se mantém adverso, mas avaliou que os incidentes envolvendo bancos nos Estados Unidos e na Europa apresentaram contágio limitado sobre as condições financeiras até o momento.

Com a decisão desta quarta, o BC manteve a Selic a um patamar 11,75 pontos acima da mínima histórica de 2% ao ano, atingida durante a pandemia de Covid-19 e que vigorou até março de 2021. A taxa básica segue no nível mais alto desde janeiro de 2017, quando também estava em 13,75% ao ano.

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