RENDANHEYI para os Profissionais Evolutivos

RENDANHEYI para os Profissionais Evolutivos

1920 1280 Hugo Gonçalves

RENDANHEYI

Ser empático é ver o mundo com os olhos do outro e não ver o nosso mundo refletido nos olhos dele

CARL ROGERS

Espero que tenhas tido (ou que possas ter, no caso de ainda não se ter proporcionado) umas ótimas férias, repletas de descanso, leveza, alegria e regeneração. 

Com todos os desafios que lidamos no dia-a-dia profissional mais os eventos complexos que têm impactado a nossa vida como humanos nos últimos tempos, toda a energia e foco não são demais. ?

Uma evidência deste mundo louco e de mistura de ambientes e contextos foram algumas das minhas experiências durante este mês de Agosto, onde por exemplo, num espaço de 48 horas sucederam os seguintes eventos (sem ser por ordem cronológica):

  • Conheci uma pessoa que é senhorio da Madonna; ?
  • Ao fazer um trilho marcado e mapeado como PR (pequena rota) encontrei outros dois trilhos desconhecidos e segui-os sendo que descobri um bosque encantando (só faltavam os duendes ?) e paisagens e vistas maravilhosas perto do céu (incluiu estar perdido meia hora no meio de um eucaliptal); ?
  • Estive frente a frente a jogar ao sério com um cavalo selvagem nessa mesma floresta; momento bonito, mas a partir de certo momento algo tenso, pois o bicho parecia estar a dizer-me que não me iria aturar ali muito tempo. ?
  • Tive reuniões ZOOM no meio da praia, devido a um pedido urgente de um cliente e onde coloquei um filtro na tela e usei uma pods com supressão de ruído enquanto estava com os pés de molho no mar e a ser chapinado por crianças. ?

Toda esta variedade furiosa também se manifesta nas organizações e nos negócios. Estamos cada vez mais expostos a contextos, cenários, experiências diferentes e muitas vezes paradoxais, onde uma mão invisível parece estar sempre a carregar no botão de “refresh”.

E como abordagem responsiva a tudo isto, estou convicto que a holocracia, a sabedoria do grupo e a proximidade física com os clientes, colaboradores e partes interessadas, mas também a proximidade emocional e relacional com os mesmos (aspirações, pains&gains, empatia e criação de valor e impactos) é a abordagem adequada.

// HOLOCRACIA

Nos dias seguintes a estes eventos, estava eu a colocar em dia as minhas leituras profissionais e resolvi reler o livro REINVENTING ORGANIZATIONS, de Frederic Laloux (é um dos meus livros preferidos) e a seguir peguei no também espetacular HUMANOCRACIA, de Gary Hamel, Michele Zanini.

Ambos os livros partilham as ideias chave sobre como a holocracia, as equipas que se autogerem e a ligação das competências e fluxos de trabalho em plataformas e não processos permitem que possamos acompanhar, de forma equilibrada, a velocidade furiosa das organizações através do que posso denominar:

Velocidade Curiosa – como podemos reconhecer o que está a acontecer e o que as Pessoas e Mundo precisam;

Colaboração Preciosa – como se podem sincronizar “entidades” colaborativas numa organização que se criam e desfazem conforme os contextos e objetivos a alcançar – focados na criação de valor e evolução do mesmo.

Muitas organizações já percorrem este caminho da Holocracia – um modelo de liderança, gestão e desenvolvimento organizacionais em que não há um sistema rígido de hierarquia, sendo o poder de tomada de decisões dividido entre todos os colaboradores da empresa.

Assim, tomam-se decisões de forma mais rápida, sendo as organizações mais responsivas às dinâmicas do mercado

E incentiva-se a experimentação e a inovação, além da aprendizagem em ciclos rápidos e organização em redes e sinapses organizacionais.

// RENDANHEYI

O Modelo RENDANHEYI da HAIER Corporation, é uma forma inovadora de organização. Foi desenvolvido e implementado pelo seu CEO, Zhang Ruimin.

De forma literal, “Ren” refere-se a cada pessoa da organização. “Dan” refere-se às necessidades de cada utilizador individual e “HeYi” refere-se à ligação que existe entre cada colaborador e as necessidades do utilizador.

Ou seja, esta abordagem manifesta-se através de 3 princípios chave:

  1. Todos os colaboradores são empresários;
  2. Distância zero entre colaboradores e clientes;
  3. A organização é um ser vivo que prospera através de plataformas (áreas de negócios) ligadas por nós (serviços e competências partilhadas e transversais).

Muito boa malha, sr. Zhang Ruimin! ?

// ATRIBUTOS RENDANHEYI

SISTEMA ABERTO DE MICROINTERESSES – MICRO EMPRESAS

A empresa foi transformada de um sistema fechado para um sistema aberto, através de uma rede de microempresas com liderança e gestão autónoma e com comunicação livre entre as mesmas.

Existem 3 tipos de microempresas – transformadoras (produzem e entregam produtos e serviços), as incubadoras (start-ups internas que exploram ideias, possibilidades ou maluquices ? que a HAIER quer testar) e os pontos de conexão/nós (serviços partilhados internos e/ou sinergias e outsourcing externos).

Funciona como um modelo organizacional que imita a Web, existindo princípios e valores comuns que alinham as microempresas, mas não as restringem e fazem sucumbir à burocracia organizacional.

ORIENTADO PARA O CLIENTE

O “formato” de cliente final HAIER são aqueles que evoluem de clientes compradores para utilizadores vitalícios de produtos e serviços.

Assim os objetivos e propósito do valor acrescentado são definidos de fora para dentro – o que as Pessoas e Mundo precisam – e existe um foco na personalização em massa.

Esta última abordagem só consegue ser materializada através da constante interação entre as microempresas que estabelecem vários consórcios (uma microempresa pode pertencer a vários consórcios ou projetos mais macro, dentro do mesmo ecossistema da HAIER).

CONTRATAÇÃO ABERTA – ACORDOS

Todas as microempresas respondem, de forma objetiva, aos seus clientes.

As microempresas podem contratar ou despedir outras microempresas, “nós” ou fornecedores externos como entenderem. Existem objetivos de desempenho explícitos e partilhados ao nível do design, tecnologia, produção e outros.

Estes acordos são potenciados por facilitadores (pessoas que “pairam” sobre toda esta autonomia). Não há monopólios internos de departamentos de fornecimento como legal, TI, RH, etc., e existe a liberdade de fazer compras no exterior se houver uma solução melhor.

COOPERAÇÃO VOLUNTÁRIA

As microempresas funcionam segundo o paradigma dos Marketplaces.

As plataformas destinam-se a servir uma indústria empresarial ou categoria da HAIER (por exemplo lavagem, climatização, jogos) ou a desenvolver uma nova capacidade, sem coordenação de topo para baixo.

Cada plataforma tem um ou vários coordenadores que estão sempre à coca de novas oportunidades de colaboração interna e externa, no sentido de resolução de problemas atuais e exploração de possibilidades futuras. Estes facilitadores são os “representantes” (repara que não escrevi líderes) dos fluxos de estratégia, foco, comunicação e sinergias entre produtos e serviços e difusão das melhores práticas.

Também estes podem ser “despedidos” se os seus clientes – todas as tipologias de microempresas HAIER – não estiverem satisfeitas. ?

INOVAÇÃO (MESMO) ABERTA

A I&D tem um forte envolvimento de clientes, instituições externas e especialistas (“solucionadores”), e o crowdsourcing interno é utilizado para financiamento e feedback.

Normalmente as microempresas angariam os seus próprios fundos para a inovação. Outras microempresas também podem investir numa ideia ou inovação desenvolvida por uma sua congénere organizacional.

Os desafios/problemas/necessidades são propagados por todo o ecossistema e as microempresas (ou consórcios das mesmas) que quiserem contribuir manifestam essa intenção.

Existem 4 formas de manter esta inovação aberta como sendo um processo de aventura e exploração:

  • Empreendedores internos publicam ideias e pedem colaboração para desenvolver;
  • Microempresas publicam problemas/necessidades e pedem colaboração para resolver;
  • Os facilitadores e líderes de plataformas pedem propostas para determinadas oportunidades que foram identificadas interna e externamente;
  • Existem exposições itinerantes por todo o mundo onde se promove este Marketplace de ideias/problemas com solucionadores/empreendedores.

PROPRIEDADE DOS COLABORADORES

As microempresas são unidades de negócio independentes com bastante, para não dizer total autonomia nas seguintes dimensões;

  • Estratégia
  • Pessoas
  • Distribuição

Esta abordagem encoraja a ambição positiva e social nos colaboradores, desde o perfil mais estratégico até ao mais operacional.

Todos são incluídos nas conversas, reflexões e decisões, para que depois os melhores fluxos de trabalho sejam implementados e as melhores ações sejam executadas. Aqui deve-se ler as melhores para Impactos, Valor, em última instância, Clientes.

Outras empresas como a MORNING STAR, PATAGONIA, BUURTZORG, FAVI já se manifestam completamente nesta abordagem. E outras como a MERCEDES.IO também desbravam caminho nesta aventura.

// CODA

O conceito de Engenharia Organizacional® que desenvolvi e trabalho na KNOWMAD Ventures é comparável a uma galáxia composta por três ‘constelações’: as Pessoas, as Equipas e os Projetos, e o Negócio.

É a interação entre estas três dimensões, de forma integrada e simultânea, que permite a evolução de uma organização.

Os colaboradores da HAIER são preparados e “desenvolvidos” em todas estas competências, metodologias e ferramentas técnicas, emocionais e relacionais. Só um Profissional Full Spectrum poder compreender e prosperar num ecossistema holístico organizacional e de negócio.

Tudo isto é um caminho. Requer coragem, requer dissolver o presente para dar espaço ao futuro para este florescer.

A burocracia, os processos rígidos e as hierarquias pouco flexíveis causam grande mossa às Pessoas, Organizações e Clientes.

E não pode ser a mesma forma de pensar e sentir que nos irão dar a energia de confiança, transparência e resiliência que são necessárias para se realizar esta viagem.

Esperar que nós iniciemos esta jornada usando apenas o que nos levou até aqui é como pedir a um adolescente para todos os dias arrumar o quarto. ?

RENDANHEYI é sobre ceder o poder. Torná-lo obsoleto. E isto tem a ver com ganhos, não com perdas.

Ganhos através da informação partilhada. De se construírem competências e desenvolverem as pessoas. Através da colaboração e polinização contínua entre departamentos, competências, especialidades.

Tudo isto é sobre sobre sentires a empresa como o teu próprio património. E reconheceres a sabedoria coletiva dos clientes, mercados e tendências como ponto de partida para novos produtos e serviços (e melhoria dos atuais e eliminação dos não relevantes).

Poderes viver a meritocracia da equanimidade – aprender, ser especialista, ensinar – e vermo-nos como tribos profissionais em vez de concorrentes internos departamentais.

Sentires e ver manifestada a partilha e a transparência como fontes da tua segurança emocional e psicológica (e dos outros). É veres incluídos a experimentação e o erro como funções do nosso trabalho.

Ao mesmo tempo que reconheces os paradoxos, a complexidade, o desconhecido e a mudança como algo libertador e potenciador na Inovação.

Somos assim como Dragões que voam livres. Sendo os nossos Próprios Líderes. Explorando e fazendo acontecer através do nosso trabalho, alinhados em conjunto por uma visão e propósito maiores.

Obrigado, Abraço e Fica Bem,

H

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