Os novos desafios da EMPATIA (para lá do Design Thinking e Coaching)

Os novos desafios da EMPATIA (para lá do Design Thinking e Coaching)

Os novos desafios da EMPATIA (para lá do Design Thinking e Coaching)

1930 1086 Hugo Gonçalves

A maior expressão de empatia é sermos compreensivos com alguém de quem não gostamos

MARK W. BAKER

EMPATIA (para lá do Design Thinking e Coaching)

Devido ao meu trabalho como Executive Coach e Facilitador/Consultor de workshops e projetos de Design Thinking e Transformação Organizacional, tenho (ou melhor tinha ?) uma perceção de mim como sendo uma Pessoa e Profissional empátic@.

Ou seja, naturalmente curioso, atento e interessado pelos quadros de referência, necessidades e aspirações dos outros e, na posse dessa consciência, saber estabelecer a melhor forma de comunicar – através de questões, escuta ativa e silêncios – e saber encontrar sinergias, parcerias e caminhos do meio com os outros, no sentido de melhor poder ajudar e impactar.

A semana passada, quer como participante e quer como facilitador de um workshop na Design Thinking Conference em Amsterdão, percebi que isso não é totalmente verdade. E ainda bem! ?

Porque significa que abri a pestana relativamente a perspetivas ainda não tinha reconhecido sobre a temática da Empatia, que é basicamente uma energia base das abordagens do Coaching, do Design Thinking e basicamente de tudo o que está associado à evolução de Pessoas e Organizações (na forma como eu vejo as coisas).

Pois a Empatia pode ser Míope, Seletiva e Volátil.

Apesar de ser um fã de ferramentas, templates e canvas, sei que os momentos mais ricos, importantes, desafiantes e transformadores do meu trabalho são as conversas que surgem enquanto as equipas usam as ditas cujas ferramentas e os diálogos, questões, partilhas e insights que ocorrem quando as equipas partilham os conteúdos e conclusões a que chegaram.

Pois a Empatia, no âmbito de compreender o Cliente (incluir aqui colegas, colaboradores, partes interessadas), as suas necessidades, aspirações e receios é muito mais do que a construção de Personas, a criação de Mapas de Empatia ou Customer Journeys

Empatia é também sobre Intimidade, explorar e desenvolver a nossa Própria Empatia pela nossa própria Pessoa e ser e estar curioso com as palavras, corpo, emoções, aspirações.

As Nossas e a dos Outros. 

Porque é algo complicado tentar praticar um exercício de empatia com os outros, até mesmo no contexto mais ou menos pacifico do Design Thinking, sem reconhecermos o nosso próprio quadro de referência, as nossas forças e limitações, o que nos inspira e o que nos faz sentir murchos, o que é tranquilo e o que nos faz saltar a tampa na interação com os outros.

Estando o Mundo a trilhar percursos de disrupção, intolerância, complexidade, considero que as organizações, produtos e serviços, o trabalho e a nossa vertente profissional como Pessoas tem um papel e responsabilidade primordiais na criação e implementação de soluções e impactos para o que as Pessoas e Mundo necessitam. 

E isso pode fazer com que, como facilitadores e consultores de Design Thinking, Transformação Organizacional, Inovação, etc., mas também como líderes, managers e colaboradores de uma empresa, tenhamos de olhar de frente para assuntos, temáticas, contextos, dimensões não tão confortáveis e difíceis de lidar. Chama-se Realidade! ?

Se queremos um mundo melhor, nesta altura do campeonato isso implica também olhar “olhos nos olhos” para aquilo que não nos agrada, para aquilo que não concordamos, para o que não compreendemos.

Existem dimensões e contextos bastante dolorosos, que de alguma forma neste momento são outliers para as respostas que as organizações, produtos, serviços, processos, e o mundo corporate em geral estão envolvidos, mas que mais cedo ou mais tarde irão ser temáticas que irão estar cada vez mais presentes no dia-a-dia!

Nesta conferencia, tive oportunidade de estar exposto, através do mote da Empatia no Design Thinking a temáticas como Preconceitos, Morte, Adições, Rotinas e Hábitos como Escape, Resistência à Mudança, Identidade de Género, o (não) Design do Mundo para as Mulheres e a Dualidade da Tecnologia. ?

Apesar do tipo de assuntos, tranquilo que foi uma conferência bastante divertida!

Mas são temas fraturantes, complicados e incómodos. Mas como disse, neste momento são “weak signals” do que está aí para vir!

Nem todos os problemas, oportunidades, desafios, possibilidades que nós os profissionais, as nossas organizações, os nossos clientes e utilizadores e o mundo têm de lidar são práticos, concretos e pacíficos de gerir a nível emocional.

Por isso é fundamental desenvolver a nossa própria Empatia, ou Inteligência Emocional, ou Bondade e Compaixão (conforme gostos e inclinações existenciais e profissionais ?)

Só assim nos tornamos conscientes e soberanos das nossas forças e talentos, reconhecemos as nossas limitações e como as abordar (trabalhar ou pedir ajuda).

E só então dedicarmos tempo e energia e foco nas ferramentas, processos, canvas, abordagens. 

Todos nós já o sentimos no nosso trabalho – ferramentas sem propósito, sem contexto, sem alinhamento, sem criação de valor e impacto (eficácia) apenas irão tornar-se otimizações de recursos (eficiência). E regras ou dogmas que irão rapidamente perder o seu sentido de existirem.

PARTICIPANDO NUMA DINÂMICA SOBRE EMPATIA E INTIMIDADE NA DESIGN THINKING CONFERENCE

// A EMPATIA É MÍOPE

Quando estamos perto (fisicamente, emocionalmente) de algum contexto ou dimensão, somos naturalmente empáticos. Mas problemas como guerras, doenças, fome, violência estão infelizmente a acontecer em todo o mundo, mas o nosso radar ativa-se e sensibiliza-se apenas para aquelas que:

  • Estão mais próximas;
  • Podem colocar em causa a nossa segurança e bem-estar mais primordiais ou nosso modo de vida! Ou crenças e perceções!

Então se a Empatia é míope, faz todo o sentido que regularmente possamos Brincar ao Mundo e conversar com as Pessoas. Para sabermos o que é importante, necessário e aspiracional para eles, pois só assim poderemos saber como ajudar com as nossas ideias, talentos, experiência, recursos e competências

 

 // A EMPATIA É SELETIVA

Esta aqui foi mais pacífica para mim, mas foi a que criou maior surpresa na maior parte dos colegas com quem falei. Muitas vezes sentem dificuldade em trabalhar em certas equipas, em certas empresas, em certos projetos, porque não “gostam” de algumas pessoas.

Durante muitos anos senti isso. Ficava todo entusiasmado por fazer determinados projetos com equipas fixes, com boa onda e interessadas.

Ficava piurso ? com alguns projetos onde as pessoas não estavam tão empenhadas ou que aproveitavam esse espaço para, de alguma forma, fazer valer a sua agenda pessoal ou manifestar as suas frustrações de uma forma não autêntica e de todo saudável.

Agora ainda sinto isso em algumas situações. ? A “única” diferença é que não fico agarrado a isso muito tempo.

Pois ao longo do tempo tornou-se claro que todos nós temos uma história, percurso, eventos, episódios e problemas antes de nos cruzarmos num projeto ou workshop.

E foi muito libertador reconhecer que alguma coisa que eu “não gostava” na interação, comportamento ou abordagem dos outros raramente tinha a ver comigo. ?

  

// A EMPATIA É VOLÁTIL

Aqui também fui algo surpreendido. Pois de facto é complicado manter os níveis de empatia elevados de forma constante. ? Pode acontecer, mas obriga a uma taxa de esforço e elevada e a um desgaste.

Eu sinto isso nas sessões de Coaching e quando estou a moderar atividades de Empatia no âmbito do Design Thinking e Inovação. Estou super-envolvido, mas depois preciso de espaço, ar, de regenerar e de “deixar ir o dia”.

Como líderes, managers e profissionais é importante criar as condições para que possamos viver segundo um ciclo que considero importante: NUTRIR, DAR, RECEBER!

O conceito de ENGENHARIA ORGANIZACIONAL® que desenvolvi e trabalho na KNOWMAD Ventures tem como aspiração isso mesmo! A Integração Evolutiva entre estas dimensões e como se manifestam individualmente e colaborativamente no contexto profissional.

PEOPLE EVOLUTION Desenvolvimento de Pessoas/Coaching/Mentoring;

BUSINESS INNOVATION Inovação Organizacional, Design Thinking e Criatividade;

CULTURE & WORKFLOWS Desenvolvimento de Cultura, Equipas e Workflow

// CODA

Então a Empatia pede de nós algo paradoxal – O Eu é, ao mesmo tempo, o mais importante e o menos Importante no nosso papel como profissionais.

Hein? ?

Eu explico!

O Eu é fundamental quando:

  • Desenvolvermos a Consciência de quem somos, o que fazemos, e o que é importante para nós;
  • Ao mesmo tempo que temos a habilidade de Influenciar a nossas emoções, comportamentos e comunicação;
  • Para sermos “Owners” e Responsáveis, intencionalmente, da forma como pensamos, sentimos e agimos relativamente aos nossos objetivos e aspirações.

E assim:

  • Articulas facilmente os teus objetivos e ambições;
  • Conheces e descreves o ambiente que realça o teu “Melhor Eu”;
  • Conheces e descreves o ambiente que realça o teu “Pior Eu”;
  • És consciente dos teus “pontos fortes” e de como usá-los para atingir os teus objetivos e aspirações;
  • Compreendes quais são as áreas de maior incoerência, inconsistência e menor talento (“fraquezas”) e como estas atrapalham o atingir dos teus objetivos e aspirações;
  • Dás uma importância especial ao autocuidado para responderes às tuas necessidades básicas emocionais, relacionais e profissionais;
  • Sentes de forma clara quando as tuas necessidades mais fundamentais não estão a ser nutridas ou satisfeitas, por ti ou pelos outros.

O Eu pode descansar um pouco quando é importante uma consciência de como vemos o mundo e como as nossas emoções impactam a nossa visão do mesmo e a vida dos outros:

  • Estás ciente de como os teus preconceitos de perceção podem distorcer a forma como “vês” as situações e pessoas;
  • Tentas ativamente compreender diversas visões de mundo;
  • Tentas compreender as situações únicas dos outros antes de fazeres avaliações sobre elas;
  • Reconheces como os teus sentimentos negativos ou não aceites afetam os teus comportamentos e a interação com os outros;
  • Ficas mais curioso pelo que as pessoas precisam, aspiram querem e como podes contribuir para isso, no sentido de criação de impactos mútuos de valor.

E assim, Explorando o Eu e recebendo Feedback dos Outros, estamos preparados para avançar, aprender, evoluir, concretizar.

Se calhar temos um Mundo que tem “defeitos” a nível do seu Design! ?

A melhor forma de criar algo melhor não passa apenas por imaginar o que poderá ser, mas também compreender o que já existe.

Nesse espaço entre estas duas dimensões, certamente encontraremos alguns bons Caminhos!

Por isso, o que podes fazer para que a Empatia relevante para a tua função, empresa, departamento, processos, Clientes possa ser mais Inclusiva, Cristalina, Corpórea? Que se possa Sentir e Ver em Ti e nos Outros?

Obrigado, Abraço e Cuida-te!

H

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