Falta ao País um projeto estruturante de investimento, diz Marcio Pochmann
Economista avaliou que o crescimento da economia no terceiro trimestre dependerá do anúncio do “Novo PAC”. Assista na TV 247
247 - O economista Marcio Pochmann concedeu uma entrevista à TV 247, em que fez uma análise sobre a queda de 2,0% no Índice de Atividade Econômica (IBC-Br) em maio. O IBC-Br, divulgado nesta semana, é considerado uma prévia do Produto Interno Bruto (PIB), e apesar do resultado negativo, as projeções de crescimento econômico não foram alteradas.
De acordo com Pochmann, a economia brasileira tem apresentado estagnação nos últimos anos, com uma trajetória instável e dificuldades em consolidar um crescimento consistente. O analista aponta que essa situação está relacionada com a herança econômica recebida pelo presidente Lula dos governos neoliberais de Michel Temer e Jair Bolsonaro. Desde a crise de 2015-2016, o comportamento econômico tem sido marcado por variações cíclicas e medidas emergenciais para estimular a atividade, o que o economista compara a "puxadinhos".
“É só uma antecipação, e não necessariamente o que será o resultado divulgado pelo IBGE. A economia brasileira anda ainda de lado, não há uma trajetória sustentável e firme da atividade econômica. Isso tem a ver com a herança que o presidente Lula recebeu e que na verdade diz respeito a quase 10 anos de estagnação da atividade econômica. O país está praticamente parado desde 2014 e tivemos a crise de 15-16. Posteriormente o comportamento da economia tem sido variações cíclicas, injeções de atividade econômica, como antecipar o 13o, melhora a transferência de renda, desonera determinados preços. É sempre um puxadinho”, avaliou Pochmann.
No primeiro trimestre de 2023, o crescimento de 1,9% registrado no IBC-Br foi impulsionado pelo avanço do setor agropecuário, que apresentou um crescimento expressivo de quase 22%. No entanto, a indústria e os serviços, que compõem a maior parcela do PIB, tiveram um crescimento mais modesto. O economista destaciu que, apesar de importantes ações governamentais, como o aumento do salário mínimo, o pagamento do Bolsa Família e a correção da tabela do Imposto de Renda, a economia ainda não apontou para uma taxa de expansão significativa e sustentável.
Para o segundo trimestre, Pochmann observou que não houve grandes iniciativas do governo para estimular a economia, com exceção do programa de redução de preços de automóveis, que elevou o consumo, mas não resultou necessariamente em aumento da produção, sendo apenas uma forma de escoar os estoques existentes.
No terceiro trimestre, o economista ressaltou a importância de medidas pontuais, como o programa "Desenrola Brasil" e uma possível redução da taxa de juros, para impulsionar a economia em direção a uma oscilação positiva. No entanto, Pochmann destaca que o país ainda enfrenta a falta de algo que estruture de fato e vincule o investimento, o que é essencial para uma recuperação econômica sólida.
Ele argumenta que as medidas governamentais têm impacto sobre o nível de atividade e podem elevar a produção em curto prazo, mas não resolvem a questão da capacidade produtiva, que depende dos investimentos. Nesse contexto, ele ressalta a importância de projetos como o "Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC)" para estimular o investimento e vincular o crescimento econômico.
“A economia pode oscilar melhor. Tudo isso depende de medidas pontuais. É o tal do puxadinho. Falta ao país algo que estruture de fato e vincule o investimento. Essas medidas do governo, que são importantíssimas, atuam sobre o nível de atividade, elevam um pouco a produção, mas não aumentam a capacidade de produzir, que depende do investimento. O PAC é algo interessante nesse sentido”, considerou. ASSISTA:
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