Em resultado inédito, deputados dos EUA destituem presidente da Câmara do país
Kevin McCarthy foi criticado por ter se comprometido com os democratas a aprovar o projeto de lei que evitou a paralisação do governo americano por 45 dias
Sputnik Brasil - A Câmara dos Representantes dos EUA demitiu o seu presidente, Kevin McCarthy, na noite desta terça-feira (3). Ao todo, 216 parlamentares votaram a favor da destituição do republicano do cargo e outros 210 foram contrários.
O deputado Patrick McHenry, da Carolina do Norte, segue como presidente interino da Casa. Aliado do presidente deposto, o republicano estava na lista entregue por McCarthy de possíveis nomes para o cargo após a votação. Porém, há limitações até que um parlamentar seja eleito para a posição: só pode encerrar ou suspender sessões e reconhecer as nomeações de orador.
A iniciativa de destituir McCarthy foi do republicano Matt Gaetz, insatisfeito após o colega de partido ter se comprometido com os democratas a aprovar o projeto de lei que evitou a paralisação do governo americano por 45 dias. Ele também acusou McCarthy de supostamente concordar com um "acordo secreto" com o presidente dos EUA, Joe Biden, para financiar a Ucrânia.
Representantes da minoria Democrata e da ala direita do Partido Republicano se uniram contra McCarthy. Esta é a primeira vez na história dos EUA que um presidente da Câmara dos Deputados é destituído. Os congressistas fizeram a mesma tentativa em 1910, mas sem sucesso.
McCarthy foi eleito presidente da Câmara em 7 de janeiro – após um recorde de cinco dias e 15 rodadas de votação para definir um nome para o cargo.
A tentativa de derrubar o republicano é movida por críticos de extrema-direita, irritados com a posição do político junto aos democratas. McCarthy provocou fúria entre a ala ultraconservadora do partido quando aprovou a medida provisória de financiamento apoiada pela Casa Branca para evitar uma paralisação do governo.
Liderando as críticas está o congressista Matt Gaetz, um antagonista de longa data de McCarthy, que propôs destituir o presidente da Câmara com uma "moção para desocupar a cadeira". “Estou confiante de que vou aguentar”, disse ele aos repórteres no Capitólio antes da votação.
Expulso em votação histórica
O 55º presidente da Câmara dos Representantes foi expulso numa votação promovida pelos rebeldes do seu próprio partido, que fervilharam nos nove meses desde que McCarthy reprimiu por pouco as tentativas de o bloquear e conseguiu reivindicar o cargo mais poderoso no Congresso.
Foi um fim indigno — pelo menos por agora — para um mandato instável e sem autoridade de um legislador que deixou a sua marca como um chamado conservador "Jovem Pistoleiro".
Em maio, McCarthy enfrentou um impasse tenso com o presidente democrata Joe Biden sobre a autorização de uma extensão do limite da dívida nacional. Na época, foi assinado acordo de última hora para evitar um catastrófico descumprimento da dívida americana.
O envolvimento do então presidente com os democratas foi novamente objeto da ira da extrema direita na semana passada, quando ele usou votos do partido rival para evitar uma paralisação do governo.
A medida desafiou a linha dura – e Trump – que defendia forçar cortes massivos nas despesas e reduzir o peso da dívida de mais de US$ 33 bilhões (R$ 170,5 bilhões).
McCarthy descreveu-se como um “otimista”, mas não houve como aplacar a intransigente direita do Partido Republicano, que floresceu sob Trump e nunca desapareceu.
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