Grandes investimentos podem parar se BNDES tiver que devolver recursos antecipadamente ao Tesouro
Alerta foi feito pelo presidente do banco, Aloizio Mercadante
247 – O Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) anunciou, durante a apresentação dos resultados financeiros do terceiro trimestre, na sexta-feira, 17, que poderá interromper concessões caso a devolução de recursos ao Tesouro Nacional não seja reprogramada. O BNDES tem uma dívida pendente de R$ 22,6 bilhões com o Tesouro, que, segundo o cronograma original, deveria ser quitada integralmente neste mês. A instituição defende a revisão desse cronograma, argumentando que o pagamento integral impactaria negativamente sua liquidez e capacidade de concessão de crédito.
O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, destacou em uma coletiva de imprensa que a obrigação de pagar R$ 22,6 bilhões agora reduziria significativamente a liquidez do banco, atrasando aprovações e interrompendo desembolsos. Segundo ele, essa paralisação afetaria diversos setores, incluindo o agronegócio e os governos estaduais, segundo reportagem do Infomoney.
Desde 2015, o BNDES já devolveu R$ 689 bilhões ao Tesouro, incluindo juros e correção, além dos dividendos anuais, totalizando R$ 798,1 bilhões nos últimos 14 anos. A proposta do BNDES ao governo, em outubro, foi dividir o pagamento do valor restante em oito anos, com parcelas anuais. O Ministério da Fazenda concordou com a proposta, mas a aprovação final depende do Tribunal de Contas da União (TCU).
Para o BNDES, diluir as devoluções é essencial para manter o crescimento da carteira de crédito, que atingiu R$ 495,2 bilhões em setembro, o maior valor em mais de quatro anos. No terceiro trimestre de 2023, o banco desembolsou R$ 34,8 bilhões, um aumento de 18,4% em comparação com o mesmo período do ano anterior.
Além disso, o BNDES não pretende expandir muito além do seu tamanho atual, que corresponde a 7% do PIB, mas busca aumentar a quantidade de crédito concedido. A expectativa é fechar o ano com R$ 119 bilhões em desembolsos e alcançar R$ 137 bilhões no próximo ano.
O BNDES também tem uma presença significativa no mercado de capitais, atuando na estruturação de emissões de empresas. Até o momento, o banco movimentou R$ 15,5 bilhões em 2023 nessa atividade, mais do que o dobro do volume de 2022.
Em relação ao balanço financeiro, o BNDES registrou um lucro líquido contábil de R$ 4,9 bilhões no terceiro trimestre, impulsionado por R$ 1,2 bilhão em dividendos recebidos da Petrobras. O lucro recorrente foi de R$ 2,9 bilhões, um aumento de 21,3% em um ano.
A decisão sobre a revisão do cronograma de devolução dos recursos ao Tesouro pelo BNDES será votada pelo TCU na próxima quarta-feira, 29.
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