Por g1 Sul do Rio e Costa Verde


Angra dos Reis decreta estado de emergência por causa do aumento dos casos de dengue — Foto: GETTY IMAGES via BBC

A prefeitura de Angra dos Reis (RJ) publicou na tarde desta sexta-feira (9) um decreto de emergência de saúde pública por causa do aumento no número de casos de dengue. O objetivo é fortalecer a capacidade de resposta do município no combate à doença.

O decreto permite que o município, caso necessário, reforce as medidas de enfrentamento da dengue com ações imediatas, como contratação de mais profissionais da área de saúde e a aquisição de mais medicamentos.

"Como vocês sabem, os casos de dengue estão aumentando em todas as cidades do país e também aqui em Angra. Nossa equipe de saúde vem acompanhando com atenção e, por isso, a prefeitura começou a se preparar, com antecedência, desde o final do ano passado. Esse decreto vai dar mais agilidade para tomarmos medidas emergenciais e fazer o que for necessário para dar o melhor atendimento para toda a população de Angra dos Reis", disse o prefeito Fernando Jordão.

Desde o fim de 2023, as equipes de saúde municipal estão monitorando o aumento de casos e adotando medidas preventivas. O secretário de Saúde, Rodrigo Ramos, destacou as ações que já estão sendo implementadas para controlar a dengue e reforçou a importância da participação da população.

"Estamos intensificando as atividades de monitoramento, ampliando as equipes de campo e reforçando as campanhas de conscientização. A população precisa estar ciente dos riscos e participar ativamente no combate ao mosquito transmissor. Em Angra, 86% dos focos estão nas residências, por isso a importância de reforçamos cada vez mais os cuidados em nossas casas. Com apenas 10 minutos na semana, podemos combater o mosquito e salvar vidas" destacou o secretário de Saúde.

Neste ano, até o dia 7 de fevereiro, foram registrados 1.574 casos suspeitos de dengue em Angra dos Reis, sendo 182 confirmados e 232 descartados. Outros 1.187 casos seguem em investigação. Não há morte confirmada pela doença na cidade. No momento, dois óbitos seguem em investigação.

Combate ao mosquito

Agentes vistoriam as casas para checar possíveis focos de dengue — Foto: Divulgação

Em Angra dos Reis, 86% dos focos do mosquito estão nas residências. As principais ações que podem ser feitas em casa semanalmente e duram menos de 10 minutos:

  • Remover os pratos dos vasos de planta;
  • Virar garrafas para baixo;
  • Guardar pneus em locais cobertos;
  • Limpar as calhas;
  • Amarrar bem os sacos de lixo;
  • Manter a caixa d’água tampada;
  • Esvaziar recipientes de degelo em geladeiras.

As ações de rotina da Prefeitura para o controle do Aedes são: visitas domiciliares, busca ativa de focos do mosquito, instalação de armadilhas para remoção de ovos do Aedes e ações de educação em saúde. Em 2023, foram mais de 105 mil visitas, com uma média de 630 armadilhas instaladas por semana.

Sinais e sintomas: o que fazer

Como saber se você está com dengue e se é grave

Como saber se você está com dengue e se é grave

O Brasil vive uma explosão de casos de dengue neste começo de 2024. Até 30 de janeiro, o Ministério da Saúde registrou 217.481 casos. No mesmo período de 2023, o país somava 65.366 — um aumento de 233%.

De acordo com o Ministério da Saúde, esse aumento se deve a fatores como a combinação entre calor excessivo e chuvas intensas (possíveis efeitos do El Niño) e ao ressurgimento recente dos sorotipos 3 e 4 do vírus da dengue no Brasil.

Entenda, abaixo, o que é a doença, quais os sintomas, como prevenir, vacinas disponíveis e sinais de alerta:

O que é a dengue?

Mosquito Aedes aegypti — Foto: Getty Images

A dengue faz parte de um grupo de doenças denominadas arboviroses. O vírus é transmitido pela picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti e possui quatro sorotipos diferentes: DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4 — todos podem causar as diferentes formas da doença.

Todas as faixas etárias são igualmente suscetíveis à doença, porém as pessoas mais velhas e aquelas que possuem doenças crônicas, como diabetes e hipertensão arterial, têm maior risco de evoluir para casos graves e outras complicações que podem levar à morte.

Uma pessoa pode ter dengue até quatro vezes ao longo de sua vida. Isso ocorre porque ela pode ser infectada com aos quatro diferentes sorotipos do vírus. Uma vez exposta a um determinado sorotipo, após a remissão da doença, ela passa a ter imunidade para aquele sorotipo específico.

Principais sintomas

Nem sempre a infecção apresenta sintomas. O indivíduo pode ter uma dengue assintomática ou ter um quadro leve.

Mas é preciso ficar atento se a pessoa tiver febre alta (39ºC a 40ºC), de início repentino, acompanhada por pelo menos outros dois sintomas:

  • Dor de cabeça intensa
  • Dor atrás dos olhos
  • Dores musculares e articulares
  • Náusea e vômito
  • Manchas vermelhas no corpo

⚠️Atenção: o ministério alerta que é importante procurar um serviço de saúde para diagnóstico e tratamento adequados ao apresentar possíveis sintomas de dengue.

"A maioria das pessoas tem a forma clássica da doença. Uma pequena porcentagem é que tem a forma grave, que pode levar à dengue hemorrágica", explica a infectologista Rosana Richtmann.

A forma grave é a que preocupa. Após o período febril, o indivíduo deve ficar atento aos sinais de alarme:

  • Dor abdominal intensa e contínua
  • Vômitos persistentes
  • Acúmulo de líquidos em cavidades corporais
  • Sangramento de mucosa
  • Hemorragias

Tratamento e diagnóstico

O diagnóstico da dengue é basicamente clínico — não existe a necessidade de realização de exames específicos. Também não existe um medicamento específico para doença. A dengue, na maioria dos casos leves, tem cura espontânea depois de 10 dias.

Para os casos leves com quadro sintomático recomenda-se:

  • Repouso relativo, enquanto durar a febre;
  • Estímulo à ingestão de líquidos;
  • Administração de paracetamol ou dipirona em caso de dor ou febre;
  • Não administração de ácido acetilsalicílico;
  • Recomendação ao paciente para que retorne imediatamente ao serviço de saúde, em caso de sinais de alarme.

"Os pacientes que apresentam sinais de alarme ou quadros graves da doença requerem internação para o manejo clínico adequado", alerta o Ministério da Saúde.

Os cuidados contra a dengue

Evite qualquer reservatório de água parada sem proteção em casa. O mosquito pode usar como criadouros grandes espaços, como caixas d'água e piscinas abertas, até pequenos objetos, como tampas de garrafa e vasos de planta.

Coloque areia no prato das plantas ou troque a água uma vez por semana. Mas não basta esvaziar o recipiente. É preciso esfregá-lo, para retirar os ovos do mosquito depositados na superfície da parede interna, pouco acima do nível da água. Isso vale para qualquer recipiente com água.

Pneus velhos devem ser furados e guardados com cobertura ou recolhidos pela limpeza pública. Garrafas pet e outros recipientes vazios também devem ser entregues à limpeza pública. Vasos e baldes vazios devem ser colocados de boca para baixo. Limpe diariamente as cubas de bebedouros de água mineral e de água comum. Seque as áreas que acumulem águas de chuva. Tampe as caixas d’água.

Como funciona a vacina contra a dengue

A vacina contra a dengue Qdenga foi incorporada no Sistema Único de Saúde (SUS) em dezembro de 2023. Em janeiro de 2024, o Ministério da Saúde divulgou a lista das cidades que vão receber o imunizante. Ao todo, foram incluídos cerca de 500 municípios em 16 estados.

Com poucas doses disponíveis, o governo definiu um público-alvo para ser vacinado: adolescentes de 10 a 14 anos. Foram incluídos os municípios de grande porte -- que são aqueles com mais de 100 mil habitantes -- e com classificação de alta transmissão de dengue do tipo 2. Cidades próximas também estão na lista, no que o governo chama de "regiões de saúde".

A Qdenga (TAK-003) é um imunizante contra a dengue desenvolvido pelo laboratório japonês Takeda Pharma. A vacina contém vírus vivos atenuados da dengue. Por isso, ela induz respostas imunológicas contra os quatro sorotipos do vírus da dengue.

O imunizante é aplicado em um esquema de duas doses, com intervalo de três meses entre as aplicações.

Por que esse aumento de casos de dengue em 2024?

De acordo com o Ministério da Saúde, a projeção do aumento de casos da doença se deve a fatores como a combinação entre calor excessivo e chuvas intensas (possíveis efeitos do El Niño) e ao ressurgimento recente dos sorotipos 3 e 4 do vírus da dengue no Brasil.

Em entrevista ao podcast "O Assunto, Stefan Cunha Ujvari, infectologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz e autor do livro "A história das epidemias", explicou que é normal ter epidemias de dengue de tempos em tempos.

"A gente estava esperando a qualquer momento o aparecimento dessa epidemia. E, logicamente, a epidemia depende de vários fatores, como o aumento de temperatura, que favorece a proliferação do mosquito, um período de chuvas intensas, que aparece principalmente nos períodos de El Niño e, por isso, a gente pode ter nossas epidemias de dengue. A gente já tem os quatro tipos do vírus da dengue circulando no Brasil".

O infectologista ressaltou que o El Niño e as ondas de calor são ambientes favoráveis para o mosquito da dengue. "No verão, com a chuva e a onda de calor, começa a aumentar a população de mosquito e, por isso, o pico das epidemias é esperado no final de março e começo de abril. Então, ainda tem perspectiva grande de piorar o quadro".

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